E se fosse possível conversar com o “você” do futuro, o que falaria? Quais conselhos daria? Viagens no tempo ainda não existem, mas a Escola de Educação Básica (EEB) Lino Pessoa, em Tubarão, transformou este sonho em realidade por meio de um projeto emocionante chamado “Cartas para o Futuro”.
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Foi nas aulas de Sociologia que a atividade começou. O professor Filipe Albino Ferreira queria colocar no imaginário de seus alunos a esperança de se tornarem cada vez melhores ao longo do tempo. Escrevendo, os estudantes teriam determinação para chegarem aonde um dia sonharam em estar.
“O projeto nasceu da necessidade da escola de incutir no educando metas e objetivos de vida, pensando em modos de alcançá-las. Após a avaliação final, eles puderam avaliar o que foi atingido e o que ainda falta, sempre seguindo em frente”, relata o professor.
Filipe foi efetivado na unidade em 2019 e nesse mesmo ano, com a nova estabilidade de permanecer no mesmo local por bastante tempo, decidiu que o projeto “Cartas para o Futuro” seria uma chance de impactar seus alunos de uma forma emocional e próspera.
O início de um futuro melhor
Foi assim que começou, com as turmas do primeiro ano do Ensino Médio e logo depois as outras séries mais avançadas foram integradas também. Para o professor, cada um dos alunos que participaram possuem uma personalidade única e as cartinhas potencializam tudo que eles poderiam se tornar.
“Cada um dos estudantes têm sonhos e metas singulares que os tornam especiais. Escrever as cartas favorece que sonhem mais ainda, que estabeleça prioridades e meios de trabalho para o sucesso que tanto queremos que alcancem”, conta.
Ana Carla Costa Gomes foi uma dessas alunas. Desde 2019 esperava para ler o que escreveu, como se fosse receber uma carta de outra pessoa. Para ela, toda a experiência foi inovadora. Ana nunca tinha feito nada parecido e foi reconfortante perceber que mesmo tão “nova e infantil” – em suas palavras – já possuía metas que visavam não só o seu bem estar, mas dos outros também.
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“Eu escrevi metas, metas mesmo, como aquelas listas de ano novo, sabe? Entre elas havia amadurecer, me autoconhecer, outras mais pessoais, e algumas emocionantes, como fazer trabalho voluntário, ajudar, fazer doações”, relembra.
As cartas mudando vidas
Com a ajuda do professor Filipe, Ana conseguiu realizar alguns desses sonhos. Em agosto de 2021, em meio a pandemia, as turmas arrecadaram roupas com ajuda de amigos próximos para doar para o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), de Tubarão. Na época, o professor não imaginava que estava fazendo parte de mais uma das realizações de sua aluna.
Filipe relata que semanas antes do final do ano letivo, estudantes ansiosos já o procuravam para receber as cartas. Quando o esperado momento chegou, todos ficaram muito animados e curiosos com o que tinham escrito três anos antes. Queriam saber se tinham conseguido atingir seus objetivos e metas. O que fiz para dar certo? O que falta para atingir êxito? Foi um dia muito emocionante e especial.
Para Ana, já impactada com o término de uma fase muito importante da sua vida – a escola – ler suas palavras foi um misto de sensações boas.
“ mQuando elas foram entregues, fiquei muito surpresa. É incrível ver o quanto amadurecemos apenas pelas metas e escrita. Tenho orgulho da Ana que escreveu as cartas há três anos e mais orgulho ainda da Ana que leu três anos depois”, conclui.