Contação de histórias: a importância da prática para o desenvolvimento estudantil

A contação de histórias é um caminho para formar alunos que amam ler e possuem um senso crítico na sociedade; confira o exemplo da EEB Ana Gondin, em Laguna

Notícias das Escolas Publicado em: Autor: Júlia Duvoisin

Quem nunca se emocionou com a história do Patinho Feio? Aprendeu a não mentir com o Pinóquio? Ou quis ir para a terra dos gigantes de João e o Pé de Feijão? A contação de histórias desperta diversos sentimentos e sensações que tem uma grande influência no desenvolvimento socioemocional das crianças.

CONTAÇÃO DE HISTÓRIA

Na escola, contação de histórias pode ser uma caminho para o protagonismo estudantil – Foto: EEB Ana Gondin/Divulgação/Educa SC

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O ato de contar histórias é algo que surgiu muito antes da invenção da escrita. A oralidade, além de ser uma das primeiras formas de comunicação, foi também o princípio da transmissão de conhecimentos de modo prático. Seja em casa ou nos primeiros anos da Educação Infantil, a contação de histórias tem um papel fundamental na formação de um futuro cidadão crítico e conectado com as próprias emoções.

A capacidade de criar brincadeiras inusitadas com regras malucas, reinos encantados e amigos imaginários deve fazer parte da infância de toda criança. A imaginação é o primeiro espaço de autonomia e, sem ela, construir sonhos futuros e pensar sobre as possibilidades que a vida proporciona se torna muito mais complicado. Ouvindo diferentes histórias, os pequenos ficam mais perto de atingir este objetivo.

A formação de indivíduos críticos, responsáveis e atuantes na sociedade começa desde os Anos Iniciais da Educação Infantil. Para muitos, é o primeiro local em que interagem socialmente, longe dos pais e familiares, precisando desenvolver hábitos de interação em sociedade que não tinham antes.

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A oralidade chega como uma grande aliada neste momento, aperfeiçoando a forma que as crianças se comunicam e expressam seus pensamentos diante do outro. Contar histórias é isso: dar a possibilidade de entender o mundo para além do que você já vivenciou. A organização geral dos enredos também possui um conteúdo moral que colabora para a formação ética e cidadã das crianças.

Além disso, ao ouvir um conto ou uma fábula, as crianças associam aquilo que está sendo narrado às suas próprias experiências. Esta identificação resgata memórias afetivas e contribui para que eles lidem com situações, conflitos e emoções com possibilidades que desconheciam anteriormente.

Um passaporte para a leitura

É comum ouvirmos a frase “quem lê, escreve”. Mas como incentivar os alunos a gostarem da leitura e, consequentemente, de escrever? A resposta é a contação de histórias! Como já mencionamos aqui, a oralidade é um dos principais alicerces para o desenvolvimento de diversas motivações, entre elas, a leitura.

Antes mesmo de ser alfabetizada, a criança já recebe a possibilidade de sonhar. Os contadores de histórias são os mediadores desse processo, envolvendo a criança, fazendo com que ela tenha vontade e curiosidade de saber mais, de entrar e participar de diferentes mundos da fantasia.

Estimulados da maneira correta, não existem dúvidas de que, quando aprenderem a ler, sentirão vontade de descobrir mais ainda sobre esses universos desconhecidos – que antes apenas os professores ou pais tinham o poder de fornecer à eles.

Qual é a diferença entre ler e ouvir histórias?

Ouvir narrativas não é um ato puramente receptivo, muito pelo contrário, reagimos a elas de diversas formas: a voz, os gestos, a entonação, as expressões faciais são todos fatores que dão vida a uma história. São formas fundamentais de cativação. Além disso, permite à criança perceber, a partir do som das palavras e da escolha da ordem das frases, diferentes funções sintáticas da língua.

Como identificar emoções como medo, alegria, raiva, surpresa, coragem? A partir da escuta e do domínio do contator na arte da narrativa, as crianças aprendem a reconhecer os diferentes tipos de sentimentos que podem surgir no dia a dia, seja consigo mesmo ou pessoas ao seu redor.

Maleta Viajante: histórias na prática

CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS

Maleta Viajante foi uma alternativa criativa para a contação de histórias – Foto: EEB Ana Gondin/ Divulgação/ Educa SC

A Escola de Educação Básica (EEB) Ana Gondin, em Laguna, deu um sentido ainda mais interativo e lúdico para a prática de contar histórias. A Maleta Viajante nasceu enfatizando mais ainda a importância do interesse pela leitura e relação entre a escola e a família.

Com a atividade, os alunos não só escutam histórias, mas são os protagonistas de suas próprias narrativas. A Maleta Viajante, como seu próprio nome diz, viaja entre a casa e a mente dos estudantes da escola. Todos os alunos têm a sua vez de levá-la para casa e, dentro dela, encontrar todas as possibilidades que ele pode descobrir.

Dentro do objeto existem livros e fantoches. Quem carrega a maleta tem a responsabilidade de escolher um livro para ler e, em seguida, fazer um desenho com sua interpretação da narrativa para contar a história para seus colegas em uma atividade dentro da sala de aula.

“A Maleta Viajante é muito importante, pois além de estabelecer uma relação mais forte entre a família e a escola desde cedo. Ela desenvolve as relações interpessoais dos alunos, desenvolve as emoções e os sentimentos. Tudo isso acontece de uma forma lúdica e prazerosa, tanto para os alunos quanto para os professores. É o mundo mágico da leitura”, relata Lilian dos Reis Santos Silva, diretora da EEB Ana Gondin.

Dicas de histórias para ler em sala de aula

Gostou da ideia? Mesmo que as aulas já estão se encaminhando para o recesso escolar, ainda dá tempo de aproximar os alunos da contação de histórias. Veja as dicas:

  • A cigarra e a formiga
  • A lebre e a tartaruga
  • Menina bonita do laço de fita
  • O pequeno príncipe preto
  • O menino maluquinho
  • O menino do dedo verde
  • A parte que falta
  • O menino marrom
  • Meu pé de laranja lima

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