A escrita surgiu na Mesopotâmia por volta de 1.500 a.C quando povos sumérios que viviam na região começaram a gravar símbolos em tábulas cuneiformes feitas de argila para registrar dados utilizados principalmente na contabilidade e administração. Com o tempo, outros povos adotaram a escrita cuneiforme para se comunicar, trabalhar e anotar seus pensamentos.
Hoje, além de ser uma base para o conhecimento, a escrita pode ser utilizada como ferramenta para alívio do estresse e superação de situações difíceis e frustrantes que encontramos no dia a dia.
Em Imbituba, no Litoral Sul de Santa Catarina, alunos da Escola de Educação Básica (EEB) Professora Gracinda Augusta Machado se tornaram escritores em um exercício de escrita desenvolvido no componente curricular Projeto de Vida, uma das competências da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do Novo Ensino Médio, cujo objetivo é trabalhar o autoconhecimento entre os estudantes e estimular o protagonismo estudantil.
A iniciativa chamada “Escritores da GAM”, cujas letras em maiúsculo fazem referência às iniciais do nome da unidade de ensino, foi destinada incialmente aos alunos do Ensino Médio. No entanto, segundo a professora de Língua Portuguesa e Literatura, Zaira da Silva Cardoso, alguns estudantes do Ensino Fundamental manifestaram interessaram pela atividade e procuraram a educadora para perguntar se também podiam participar.
“Tenho vários alunos que estão superando quadros depressivos e notei que alguns deles usavam a escrita para desabafar, então conversei com eles sobre montarmos um projeto e logo todos gostaram da ideia e ela foi se espalhando pela escola. As primeiras produções saíram para a feira de ciências e hoje as escritas continuam” explica Zaira.
Apaixonada por leitura e escrita, a professora idealizadora do projeto “Escritores da GAM” vê nessas atividades uma oportunidade para a superação de desafios e mudança de vida. “A leitura e a escrita são bases para o conhecimento. Logo, todo incentivo em casa ou na escola fará diferença positiva na vida desse aluno” destaca.
Leia mais: Hábito de leitura: 5 dicas que você precisa saber para conseguir ler
De acordo com a profissional, o objetivo do professor é transformar a vida dos estudantes. Zaira afirma ainda, que através do projeto pode perceber essa mudança na vida dos jovens. “ É uma forma que encontrei de vê-los não somente fazendo um trabalho escolar, mas sim sendo protagonistas de suas próprias histórias” comemora.
Projeto estimula a expressão
Ester de Souza Alves, 17, aluna da segunda série do Ensino Médio na EEB Prof.ª Gracinda Augusta Machado conta que o projeto a incentivou a mostrar seus textos para mais pessoas. A jovem já mantinha o hábito de escrever há três anos, porém, antes escrevia apenas para si mesma e mostrava sua produção para poucos professores.
“Para mim foi uma experiência única e maravilhosa, esse projeto foi fundamental para continuar escrevendo e poder mostrar e ouvir as opiniões de outras pessoas” relata Ester.
A adolescente escreveu um livro de poesias e diz que a fonte de sua inspiração é pensar que pode melhorar o dia de alguém com suas palavras. “O meu livro foi sobre tudo, um pouco de cada tema. Escrevi um livro com os poemas que eu já tinha pronto e alguns que fiz durante o trabalho”
Escrita empodera estudantes
Mais do que um simples recurso utilizado para transmitir um determinado conhecimento adiante, a escrita funciona como uma ferramenta de empoderamento ao permitir que os jovens expressem suas emoções e pontos de vista.
Mábily de Souza Albino, 18, afirma que sua experiência no projeto “Escritores da GAM” foi incrível pois a escrita é um meio que a jovem encontra para demonstrar seus sentimentos. “É nela que consigo expor minha opinião e visão sobre diversos assuntos” ressalta a estudante.
O livro escrito pela aluna da terceira série do Ensino Médio da EEB Prof.ª Gracinda Augusta Machado traz situações vividas por Mábily, como uma paixão, entre outros acontecimentos. A jovem relata que escreveu a maior parte de seus textos no ano passado, enquanto lutava contra um câncer.
Em sua produção intitulada “Carta ao Câncer”, Mábily conta o que aprendeu com a doença. Na semana passada, o texto foi publicado na revista do Instituto Nacional do Câncer (INCA).
A estudante que sempre quis compartilhar seus escritos com os colegas, mas que nunca tinha feito antes por falta de oportunidade ou vergonha, conta que a experiência foi muito boa.