Que a música tem o poder de conectar pessoas, nós já sabíamos. Mas ela ganhou um sentido muito maior na Escola de Educação Básica Nolasco de Almeida, em Benedito Novo. Aliada ao ensino da história e cultura do continente Africano, a canção “Jerusalema” atravessou barreiras e transformou a vida de alunos e professores no Vale do Itajaí.
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A expectativa para a volta às aulas presenciais, depois de mais de um ano vivendo em isolamento social por conta da pandemia, marcou a unidade. Apesar da enorme vontade de reencontrar amigos, colegas e professores, o sentimento da incerteza ainda era mais forte.
O pânico e a ansiedade também passaram a ser sensações recorrentes no cotidiano da escola. A esperança de que 2021 voltasse ao “normal” sem muitos esforços era grande, mas a EEB Nolasco de Almeida percebeu que, para garantir o bem estar de toda a comunidade escolar, seria preciso uma ação coletiva que transformaria o imaginário de cada um.
Qual seria o melhor caminho a seguir?
Surgiu da necessidade de se reinventar e trazer uma mensagem de conforto em meio a tanta insegurança. É isso o que conta a diretora da Instituição, Janice Leila Giovanella.
“Criamos um projeto que traria a possibilidade de acreditar em dias melhores, mais leves e com mais sorrisos. A inspiração surgiu através de vídeos da música ‘Jerusalema’, que atravessou continentes e culturas. Todos os estudantes foram convidados a participarem de um desafio coletivo: a coreografia”, conta.
A partir do convite, os mais de 800 estudantes e 50 professores da unidade se juntaram para ultrapassar os medos, receios e incertezas que estavam vivendo. Mesmo os alunos e educadores que estavam bem, decidiram – sem excitação – que participariam da dança para tentar levar um pouco de paz para seus colegas.
Todos se doaram para que a realização do projeto se tornasse realidade. Entre ensaios e preparações, cada um participou com entusiasmo e harmonia para superar os obstáculos que já estavam deixando para trás.
“A dança contribuiu para o desenvolvimento da autoestima, proporcionou alegria e pensamentos de desconexão com fatores emocionais negativos. Além de promover sorrisos em meio a tantas incertezas, os estudantes perceberam que todos estavam engajados em uma proposta comum e foi incrível ver o empenho de todos”, complementa a diretora.
Música e dança aproximando continentes
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Além das atividades artísticas, os alunos tiveram a oportunidade de se aproximar do continente africano – já que a música escolhida é cantada na Língua Zulu, um dos 11 idiomas oficiais da África do Sul. A partir de vídeos explicativos e aulas teóricas, os estudantes descobriram a riqueza e a diversidade da África e de sua população.
Para a aluna Paola Mykaele Steinert, 15, o projeto vai fazer parte de todos os momentos de sua vida por conta dos grandes ensinamentos que recebeu.
“Importantes explicações foram passadas sobre a África e sua história. Eu fiquei muito encantada com a diversidade cultural do continente. Fiquei muito empolgada de aprender coisas novas e obter informações tão interessantes”, expressa.
União faz a força
O projeto, além de unir professores e alunos, saiu das paredes da escola e chegou na casa dos participantes. Paola conta que um dos momentos mais legais também foi quando aprendeu o real significado da música “Jerusalema” junto de seus pais.
Compreendendo a letra da canção, a coreografia ganhou ainda mais sentido. Com a chegada da data da apresentação cada vez mais perto, os ensaios ficaram mais eufóricos e divertidos.
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Além da alegria, presente em todos os momentos, o respeito constante uns com os outros foi algo que trouxe aos profissionais da escola uma onda forte de orgulho em relação aos jovens que estavam ajudando a formar. Como a idade dos alunos era muito variada, desde os seis até os 18 anos, os mais velhos ajudaram os mais novos, cada um em seu tempo.
Quando chegou o esperado dia da apresentação, a energia da escola era indescritível. Ao todo, 850 pessoas juntas, de todas as idades, celebrando o renascimento da escola que lutou arduamente para superar os desafios impostos pela pandemia.
Ambas, Paola e Janice, falam de emoção. Apresentar a dança significou muito mais do que apenas o conjunto de passos ensaiados, mas, sim, o reflexo do esforço, respeito e empatia criados a partir de um problema comum a todos.