No dia 7 de setembro de 1822, foi dita a frase que marcaria a história do Brasil. Às margens do rio Ipiranga, em São Paulo, Dom Pedro I declarou em alto e bom som: “Independência ou Morte”.
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Oficialmente, a Independência do Brasil foi oficializada há 200 anos, entretanto, os acontecimentos que levaram a emancipação do país iniciaram alguns anos antes.
Com a vinda da corte portuguesa ao Brasil, em 1808, para escapar do domínio francês, a família real passou a influenciar nas decisões para criar reformas nas áreas culturais, econômicas e comerciais na antiga colônia.
Mesmo após a derrota de Napoleão Bonaparte e o fim da guerra na Europa, em 1814, Dom João decide permanecer no Brasil, e transforma a colônia em Reino Unido a Portugal e Algarves. A presença portuguesa não estava agradando a todos e em 1817 aconteceu o início da Revolução Pernambucana, que teve fim apenas alguns meses depois devido a dominação da tropa portuguesa.
As revoluções não estavam acontecendo apenas nas colônias da América do Sul, mas também na Europa. Em 1820, em Portugal, a revolução liberal – que questionava os poderes do rei – estava tomando força. Como uma forma de contornar a situação, os portugueses exigiram que Dom João VI voltasse ao seu país de origem e que o Brasil retomasse a condição colonial.
Então, Dom Pedro assume o lugar de seu pai e se torna o príncipe regente. Em meio aos conflitos que envolviam a relação entre Portugal e Brasil, D. Pedro, em 9 de janeiro de 1822, declara publicamente sua decisão de não voltar para a Europa e a data ficou conhecida como Dia do Fico. Como consequência, o príncipe decide adotar medidas que incentivassem atitudes mais independentes no território brasileiro, como a expulsão das tropas portuguesas que não eram fiéis a ele.
As ações de D. Pedro fez com que a tensão aumentasse ainda mais e Lisboa decide anular as medidas adotadas por ele. Em meio a uma viagem a caminho de São Paulo, recebeu uma mensagem de caráter urgente, e às margens do Ipiranga, declarou a Independência do Brasil.
Além das causas que levaram à Independência do Brasil, outros fatos marcaram a história do Brasil. Confira sete curiosidades importantes em relação a data:
1. O Patriarca da Independência
Nomeado como “O Patriarca da Independência”, José Bonifácio de Andrade e Silva foi o primeiro brasileiro a ocupar um ministério. Designado por D. Pedro, inicialmente em janeiro de 1822, esteve no Ministério do Reino, e meses depois assumiu o Ministério dos Negócios do Reino e Estrangeiros.
Como ministro criou a Marinha, para impedir que tropas portuguesas invadissem o Brasil, e também negociou com outros países o reconhecimento do país.
2. Maria Leopoldina foi a responsável por decretar a Independência do Brasil
A princesa austríaca e primeira esposa de D. Pedro I, Maria Leopoldina, foi quem assinou o decreto de Independência do Brasil. Durante a viagem de D. Pedro à São Paulo, a princesa foi a responsável por ficar na corte e representar o governo.
Após receber notícias da corte portuguesa com exigências, Leopoldina convocou uma sessão extraordinária, em 2 de setembro de 1822, e assinou o documento que declarava a Independência do Brasil.
3. “Independência ou Morte” e as cores da bandeira
Registros de testemunhas oculares no momento em que D. Pedro I declarou a independência apontam que após receber a carta escrita por Leopoldina, o príncipe fez o discurso onde citou uma das frases mais marcantes na história brasileira: “Independência ou Morte”.
O registro do grito do Ipiranga só foi divulgado apenas quatro anos mais tarde, quando em 1826 o padre Belchior Pinheiro Ferreira, que estava presente na ocasião, relatou a cena.
Segundo o Coronel Manuel Marcondes, esse era apenas um trecho da mensagem completa: “Brasileiros! A nossa divisa de hoje em diante será independência ou morte! E as nossas cores, verde e amarelo, em substituição às das cortes”.
As cores que D. Pedro I se referia não foram inspiradas apenas nas florestas e no ouro encontrado no território brasileiro, mas na realidade tem relação com a família real, o verde do escudo de Bragança e o amarelo da casa de Habsburgo.
O azul e o branco já estavam presentes na bandeira do Reino Unido de Portugal e Algarves, e passaram a representar o céu estrelado do Rio de Janeiro, na Proclamação da República.
4. D. Pedro I foi reconhecido como imperador do Brasil, em outubro de 1822
Um pouco mais de um mês após D. Pedro ter declarado a Independência do Brasil, no dia 12 de outubro de 1822, o Senado da Câmara da cidade do Rio de Janeiro realizou a “Aclamação do Senhor D. Pedro Imperador Constitucional do Brasil e seu Perpétuo Defensor”.
A cerimônia de coroação e sagração aconteceu em dezembro do mesmo ano, um passo importante para o reconhecimento e identificação da separação do Brasil e Portugal, aproximando a população da ideia de uma nova nação, com banquetes, bailes e desfiles.
5. Portugal reconheceu a Independência do Brasil anos mais tarde
Foi somente em 1825 que Portugal aceitou a independência de sua antiga colônia, após muita mediação da Inglaterra.
O Estado português exigiu pagamentos de objetos que foram no país, como a Real Biblioteca no Rio de Janeiro e as dívidas públicas que haviam com os ingleses. As contas foram pagas em 1825 e somente assim o Brasil foi reconhecido como independente.
O primeiro país a reconhecer a independência brasileira foi os Estados Unidos, em 1824, devido a Doutrina Monroe, criado pelo presidente James Monroe, com o ideal de que “a América para os americanos” defendia o direito à soberania das nações e se opunham às intervenções europeias no continente americano.
6. Maria Quitéria, a Mulan brasileira
Foi durante as guerras contra as tropas portuguesas que a primeira mulher ingressou no Exército Brasileiro. Em 1822, Maria Quitéria de Jesus – considerada uma heroína nacional – fingiu ser homem para conseguir entrar nas Forças Armadas, utilizando o nome de seu cunhado, ficou conhecida como soldado Medeiros.
7. A capital do Império sentiu os primeiros impactos da Independência
Com a influência dos anos que a corte portuguesa passou no Brasil, o Rio de Janeiro, capital do Império na época, já havia passado por alterações.
Com a independência, a cidade carioca sentiu os primeiros impactos de uma nação livre, contando com os primeiros médicos formados no Brasil, uma cultura mais diversificada e o aumento da população.