Na adolescência, pensar no futuro pode ser algo um pouco abstrato, principalmente quando o assunto é guardar dinheiro. “Por que vou economizar R$100, se posso ir ao shopping e comprar um tênis novo?”. Nesses momentos, é fundamental ter a consciência de que não se trata apenas do poder de compra, mas, sim, da capacidade de decidir seus próprios objetivos.
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Pequenas transações, como o preço do lanche no recreio ou até grandes investimentos, como um celular novo, começam a fazer parte da nossa rotina de acordo com que vamos crescendo. Porém, como grande parte deste dinheiro é dos pais ou responsáveis, esta primeira relação com o mundo financeiro pode ser nebulosa.
Para a economista Ana Oliveira, fundadora e sócia da plataforma de Educação Financeira “É DA SUA CONTA”, o dinheiro tornou- se uma ferramenta fundamental para alcançarmos objetivos e sonhos. Logo, quanto antes aprendermos a lidar com este recurso, mais sustentável será a vida financeira.
“Além disso, 70% das nossas decisões econômicas são emocionais. Compreender que, ao longo da vida, teremos mudanças de comportamento causadas por impactos não racionais e que isso poderá interferir diretamente em nossas finanças, fará toda a diferença em nossa percepção sobre as escolhas que faremos no futuro”, fala a especialista.
Pensando nesses aspectos, em conjunto com Ana, iremos responder algumas dúvidas que podem surgir neste momento. Desta forma, além de ter maior clareza dos motivos para fazer um planejamento financeiro desde cedo, você saberá de dicas para guardar o seu dinheiro da melhor forma!
Quais os principais aspectos que todo jovem deve saber sobre dinheiro?
É importante ter ciência de que, assim como o tempo, dinheiro é um recurso que deve ser administrado. No entanto, ao contrário do que possamos imaginar, ele não é um recurso escasso. O dinheiro é produzido.
Sendo assim, vale ressaltar que Educação Financeira é uma ciência comportamental. Seu sucesso financeiro diz muito mais respeito ao que é feito com o dinheiro do que sobre quanto você possui – que na adolescência não é muito.
“ No que tange uma boa gestão do seu dinheiro, estabeleça hábitos saudáveis e recorrentes desde cedo em relação a ganhar mais, gastar melhor e investir bem. Estabeleça um percentual de, no mínimo, 10% e, idealmente, 30% de todo dinheiro que ganhar para investir todos os meses. Mantenha esse ritmo com disciplina ao longo de sua vida que, no médio e longo prazo, em uma carteira de investimentos rentável, que supere a inflação, será possível alcançar a tão sonhada independência financeira”, complementa Ana.
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Quais são os impactos de guardar dinheiro a longo prazo?
Como será sua vida se você viver até os 100 anos? Hoje, a expectativa de vida no Brasil é de 76 anos e por conta dos avanços da ciência, cresce cada vez mais. Logo, quanto antes começarmos a investir parte da renda para o futuro, mais possibilidades teremos ao longo da vida.
Por conta disso, os impactos de começar uma vida financeira bem organizada e planejada ainda na adolescência os colocará em patamares muito melhores no futuro.
“É importante lembrar que o futuro será consequência das nossas decisões presentes. O dinheiro não deve ser um fim e, sim, um meio. É um recurso que é produzido como resultado de nosso trabalho. Com ele promovemos trocas e geramos possibilidades”, acrescenta.
Investir é uma opção?
Para a economista Ana Oliveira, investir é uma forma de multiplicar o dinheiro.
“Se formos considerar uma carteira de investimentos moderada – poupando e investindo R$200 mensais – em 40 anos é possível ter um montante de R$2.3 milhões. Da mesma forma, se fizermos esses mesmos aportes mensais por 20 anos, o montante alcançado será de R$197mil. Percebe o impacto do tempo como fator multiplicador da nossa riqueza acumulada?”
O investimento é uma possibilidade de alcançar seus objetivos mais rápido. Logo, mais importante do que esperar ter muito dinheiro para investir, é começar. Comece hoje com o valor que tiver. Crie uma rotina com seu dinheiro e mãos à obra.
Dicas práticas para adolescentes que querem começar a guardar dinheiro, segundo a economista Ana Oliveira
Procure manter duas contas bancárias – de preferência em bancos digitais que não possuem cobrança de mensalidade ou anuidade – considerando:
– A conta Conta Movimento, nela você irá realizar todas as suas transações de débito e crédito.
– A Cofre, essa será uma conta aplicação que renda no mínimo, 100% dos Certificados de Depósitos Interbancários (CDI) e tenha liquidez.
Na medida em que você for recebendo o seu dinheiro na conta movimento, no momento do crédito, transfira imediatamente o percentual de 10% a 30% desse recurso para sua conta Cofre.
Com o restante você irá realizar o pagamento das coisas que quer fazer no mês, seja comprar o ingresso de um show ou comer uma comida bem gostosa.