No sul de Santa Catarina, especialmente na cidade de Laguna, as Baleias Francas são responsáveis por um lindo espetáculo todos os anos. Até novembro, a rota da Baleia Franca está aberta no município atraindo turistas de várias localidades do estado. Porém, com a responsabilidade de ser um espaço seguro para esses animais se reproduzirem, a conscientização da população precisa ser frequente.
É pensando neste objetivo que o Projeto Franca Austral (ProFranca) criou uma iniciativa que irá impactar o futuro da cidade por meio de adolescentes da Escola de Educação Básica (EEB) Santa Marta, localizada no morro do Farol de Santa Marta.
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Por ser próxima aos mirantes de observação, a escola possui uma localização privilegiada. “Esse projeto é importantíssimo de ser trabalhado em nossa instituição, é enriquecedor a toda comunidade escolar. A espécie de baleia é costeira, o que nos facilita ainda mais a visualização através do morro do Farol de Santa Marta”, conta Kathya Silveira Sirydakis, diretora da unidade.
Compartilhando o mesmo espaço
No Novo Ensino Médio, o Projeto Escola Franca integrou-se perfeitamente com o currículo relacionado à Educação Ambiental, permeando diferentes disciplinas. Trazendo para a escola questões do dia a dia dos alunos, como a pesca artesanal e profissional, a iniciativa despertou o interesse da comunidade escolar. Andrey do Carmo Laureano, estudante do 1° ano do Ensino Médio, foi uma dessas pessoas.
“Participar do Projeto Escola Franca foi muito diferente do que estamos acostumados., já que me fez enxergar a baleia de outra forma. Moramos em um dos principais pontos da Rota da Baleia Franca e, vemos tanto elas, nunca demos importância”, confessa o aluno.
Andrey aprendeu muito com a palestra que ele e seus colegas participaram, tanto sobre a importância dos animais na economia de Santa Catarina, quanto na biodiversidade do planeta. O Escola Franca torna-se ainda mais fascinante, instigador e familiar, justamente por esta proximidade de vida e espaço.
“O Projeto nos permitiu ter o prazer de desfrutar das maravilhosas praias do nosso litoral Sul de forma mais ampla. A grande importância da conscientização de ações de preservação e respeito à vida marinha também reside aí, pois conseguimos dividir o espaço com elas sem prejuízo ao meio ambiente”, acrescenta a diretora que viu no Projeto a chance de transformar seus alunos em seres humanos melhores.
Realidade de conscientização
A responsabilidade na implementação da educação ambiental, valorização e construção de um ambiente sustentável já são temáticas recorrentes na EEB Santa Marta, pois além da Baleia Franca, outro animal que participa do dia a dia dos moradores de Laguna é o boto pescador, uma das maiores riquezas locais.
Para João Augusto Schmitz, 16, o projeto, além de impactar a maneira com que ele enxerga a natureza, irá incentivar os residentes da sua cidade a cuidar com mais carinho do animal pertencente à sua rotina.
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“ Infelizmente, ainda acontecem diversos eventos trágicos, como animais presos em redes de pesca. Por conta disso, é importante ensinar o básico para que as gerações futuras aprendam a preservá-las. Esse aprendizado servirá de incentivo para mais pessoas e, principalmente, para a nossa comunidade onde tem na base da economia a pesca e o turismo”, expressa o aluno.
O Projeto Baleia Franca também entregou aos alunos uma luz para o futuro profissional, decisão que muitas vezes é permeada de diversas incertezas e dúvidas.
“Tenho certeza de que várias pessoas se interessaram pela profissão de biólogo marinho, a qual eles nos apresentaram, principalmente os alunos de séries mais evoluídas, mas até nós, do primeiro ano, já estamos começando a pensar na faculdade e essa possibilidade foi muito importante”, conta Andrey.
Para Kathya, a educação sempre busca a inovação, a fim de encontrar meios e ações que auxiliem na motivação e interesse dos alunos.
“Esse é sempre um dos desafios que a instituição vivencia. A presença de projetos como esse em nossa escola é uma ferramenta e estratégia que podemos disponibilizar para alcançar nossas metas. É muito gratificante, principalmente quando está ligado de forma direta à cultura regional e local da nossa instituição”, conclui a diretora.