Na Escola de Educação Básica (EEB) Tânia Mara Faria e Silva Locks, em Biguaçu, a professora Ana Paula Schmitt Santiago, conhecida na região por inovar na educação, desenvolveu uma atividade que usou da literatura de cordel para falar sobre alimentos que podem ser reutilizados e o desperdício de comida.
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Ana Paula, que já havia desenvolvido o projeto da “batata quente” dos direitos e deveres, criou uma nova atividade com os alunos, com foco na alimentação e reaproveitamento. A professora conta que sempre costuma sugerir essas temáticas ou planejamento em conjunto com a turma.
E dessa vez não foi diferente. Com a ajuda dos estudantes, ela desenvolveu uma literatura de cordel para falar sobre sustentabilidade. A educadora fala que o envolvimento dos educandos foi fantástico. “Primeiro que eles nunca tinham visto um cordel, depois porque trabalhamos com um assunto que é muito presente na nossa comunidade escolar, a importância de ter alimento e valorizá-lo”, explicou ela.
Como funcionou a atividade?
A professora explica que o projeto foi alinhado com a feira de ciência que aconteceu na escola, sobre sustentabilidade. “Estávamos iniciando os estudos sobre a literatura de cordel, sua origem, cultura, poesia, luta, e desafiei a poetizarem sobre os alimentos reaproveitáveis x desperdício”, contou ela.
Para projetos assim, é necessário fazer algum tipo de pesquisa. Pensando nisso, a docente recomendou que os alunos vissem como o desperdício de comida funciona em casa, na comunidade e sociedade em geral.
Ela conta que foi aí que começaram a surgir os relatos e experiências de cada família. “Esse momento foi muito significativo, eles conseguiram trazer para a sala de aula as suas necessidades, o que presenciam nos espaços públicos, o olhar da hora do recreio na escola e as receitas elaboradas em casa com as sobras”, falou Ana Paula.
Para ela, foram muitos os motivos para não desperdiçar ou jogar fora a comida que ainda pode ser consumida, já que diversas pessoas não tem nem o que comer ou beber diariamente, enquanto outras jogam fora sem nem pensar duas vezes.
Mas, como qualquer outro trabalho, é necessário buscar além da própria realidade. A internet foi o mecanismo utilizado para achar dados, notícias, artigos e reportagens que abordam o desperdício de alimentos.
A educadora explica que após todas essas trocas, foi hora de focar na literatura de cordel. “Começamos a poetizar nos cordéis. Mais um momento maravilhoso, (os alunos) se entreajudavam com os versos, informações. E depois do poema pronto, pensaram no título e na imagem para criarmos as xilogravuras”, falou Ana.
A hora do cordel
A educadora conta um pouco sobre a proposta depois que as poesias e imagens foram feitas. “A ideia foi colocar nos varais o cordel “raiz”, reproduzindo a cultura, o cordealista, a história. As xilogravuras foram esculpidas com tampas de caneta em bandejas de isopor, reutilizando algo que iria para as lixeiras. E com a forma esculpida, utilizamos pincéis e guache preta para “dar vida” as xilogravuras”, explicou Ana.
Foi compartilha uma realidade que está presente em nosso contexto social, afinal, o que muitos consideram como lixo pode ser um alimento para outros. A “sobra” de alguns é o que falta na mesa de muitos.
Após o sucesso de mais um projeto, a professora diz que não pretende parar de inovar com o ensino. “Pretendo fazer outras atividades, mas sempre propondo temas diferentes”, revelou ela.
O que é Literatura de Cordel?
É uma espécie de manifestação literária, que vem do interior do nordeste. Um gênero literário, que ganhou força entre os anos de 1930 e 1960 no Brasil, e consiste em versos com métrica e rima, caracterizado por uma linguagem informal e oralidade.