Mesmo 100 anos após seu nascimento, Paulo Freire ainda carrega o legado de ser um dos mais importantes educadores do mundo. Com o objetivo de transformar a realidade dos marginalizados e oprimidos por meio da educação, o professor agiu a favor da liberdade em todos os sentidos da sua vida.
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Conhecido, principalmente, pelo método de alfabetização de adultos que leva seu nome, desenvolveu um pensamento pedagógico político. Político não no sentido partidário, mas, sim, na intenção de levar às pessoas o direito do pensamento livre.
Educação para a liberdade
Paulo Freire acreditava que a função dos professores era conscientizar seus alunos – principalmente os que compunham as classes desfavorecidas – e levá-los a entender sua situação de oprimidos e, assim, agir a favor da própria libertação.
Ao sugerir uma prática de sala de aula que desenvolvesse a criticidade dos estudantes, Freire condenava o ensino oferecido pela ampla maioria das instituições de ensino. Nela, achava que o professor agia com uma superioridade que não deveria ter, apenas depositando conhecimentos em cima dos alunos, sem instigá-los a questionar sobre a realidade do dia a dia.
Ele afirmava que, enquanto a escola tradicional procurava acomodar os alunos ao mundo existente, a educação que defendia tinha a intenção de inquietá-los. “Sua tônica fundamentalmente reside em matar nos educandos a curiosidade, o espírito investigador, a criatividade”, escreveu o educador.
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Impacto na prática
Em 1963, em Angicos (RN), já coordenava um programa que alfabetizou 300 pessoas em um mês. No ano seguinte, o golpe militar chegou em Brasília, onde coordenava o Plano Nacional de Alfabetização do presidente João Goulart. Freire passou 70 dias na prisão antes de se exilar.
O principal livro de Freire intitulado “Pedagogia do Oprimido” foi escrito em seu exílio no Chile. Nele defendia como objetivo da escola ensinar o aluno a “ler o mundo” para poder transformá-lo.
O educador ganhou espaço célebre em quase todos os países do mundo, levando a esperança por meio da liberdade de educação e pensamento, apesar de no Brasil não ser muito compreendido.
“Os homens se educam entre si mediados pelo mundo”, dizia. Para Freire, o aluno que chegava a sua porta trazia uma cultura própria que seria fundamental em seu aprendizado. Nenhum estudante seria melhor que seu professor, os dois lados aprenderão juntos. Desta forma, todos possuem a possibilidade de se expressar.
“Trata-se de aprender a ler a realidade (conhecê-la) para em seguida poder reescrever essa realidade (transformá-la)”, expressou o professor. Mais do que tudo, a alfabetização é para ele um meio mais fácil de os desfavorecidos quebrarem o que ele chamou de “cultura do silêncio” e transformar a vida, “como sujeitos da própria história”.