Quem nunca brincou de batata quente, não é mesmo? Uma brincadeira infantil e fácil de aprender. Na Escola de Educação Básica (EEB) Professora Tânia Mara Faria e Silva Locks, em Biguaçu, esse passatempo se tornou uma inovação quando a professora decidiu transformar a diversão em educação sobre direitos e deveres.
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A educadora responsável é Ana Paula Schmitt Santiago, professora do Projeto de Vida. Ela explica como funcionou a inovação na forma de ensinar. “Fiz uma releitura da famosa brincadeira “batata quente”, só que dos direitos e deveres, para trabalhar a dimensão social. O primeiro passo foi consultar o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em quadrinhos, disponível no site Plenarinho, da Câmara dos Deputados”, fala a professora.
“Consultamos os artigos 5º, 6º e 7º da Constituição Federal, que dispõem sobre os direitos individuais, coletivos e sociais. Usamos tanto o documento online quanto o livro impresso. Também trabalhei com a versão da Constituição disponível em áudio no site do Senado Federal”, completa Ana.
Consultas feitas e agora?
A professora dividiu a turma da primeira série do Ensino Médio em grupos, durante quatro aulas. Foi realizado um mapa conceitual sobre os documentos, com foco nos direitos e deveres. Esses mapas foram feitos com base na leitura e na pesquisa sobre o ECA e a Constituição. Cada aluno retirou os pontos principais dos textos.
Com a leitura feita, os grupos começaram os debates. Ela conta como foi a troca de informações. “Fizemos uma grande roda de socialização. Grande parte dos alunos ainda não tinha manuseado a Constituição Federal e não sabiam onde buscar e ter acesso à legislação e relatou “se sentir distante” do documento”, explica a educadora.
É nítido ver que a inovação é grande para o ensino, principalmente para os estudantes que estão entrando num nível mais alto e cada vez mais perto do superior. Alguns podem até se interessar por uma graduação em Direito, quem sabe.
Abordar um tema tão importante quanto direitos e deveres, faz com que muitos alunos se aproximem de um assunto que não é tão corriqueiro, que não é tão estudado nas escolas. Isso inova e faz com que a educação ganhe um conhecimento enorme — na parte escolar e na vida. Esse é o tipo de inovação que pode mudar a educação.
Ana conta que essa atividade proporcionou aos alunos a sensação de pertencimento e participação do que é assegurado por lei a todas as pessoas. Ela ainda comenta que, em relação ao ECA, usar o formato de quadrinhos ajudou e muito no entendimento.
“Batata quente” da inovação
É importante realizar atividades que façam com que os estudantes queiram continuar aprendendo, queiram prestar atenção na aula, no assunto passado. Seja levando para fora da escola ou mesmo na sala, os professores sempre tem que inovar, e foi exatamente o que a educadora fez.
“Após a leitura e a troca entre os alunos, surpreendi a turma com uma atividade lúdica. Trouxe uma bola de plástico para a sala de aula com vários papéis colados. Em cada um havia um direito ou um dever. Eram 35 papeizinhos, relacionados à realidade e ao contexto escolar”, explica a professora
A turma então se reorganizou em uma grande roda e a bola começou a circular dos alunos. Enquanto acontecia isso, Ana controlava uma playlist com músicas escolhidas pelos próprios alunos e quando parava, o estudante com a bola em mão lia um dos papéis em voz alta.
“O aluno precisava responder se aquilo era um direito ou um dever. Se não soubesse, os demais o ajudavam. A música seguia e a bola voltava a ser compartilhada. Criamos, assim, a “batata quente” dos direitos e deveres”, explica Ana.
Inovação e a importância da atividade
Como toda atividade feita na escola, o professor tira dela pontos que são importantes. Ele analisa se os alunos gostaram, se eles precisam aprender mais sobre um assunto ou até se surgiu algo que pode ser explorado.
Quando se traz algo novo, algo diferente para os educandos, é normal o receio de que dê errado, de que eles não entendam ou não se interessem. No caso da educadora, ela comenta que notou um ponto importantíssimo com essa atividade: a maneira que eles relacionaram os assuntos com o seu dia a dia.
Por fim, a professora sente que foi uma atividade incrível e que os alunos puderam aprender. “Foi uma experiência incrível! Eles brincaram, aprenderam, debateram, se divertiram muito. Com essa troca de conhecimentos, reconhecimentos, novos saberes, construiremos uma sociedade com maior equidade para todos”, fala Ana