Cada estudante é único, tendo o seu próprio modo de raciocinar, a sua própria forma de pensamento lógico e abstrato, as suas capacidades individuais de observar, comparar, medir e selecionar. Esses são pontos que advém da diversidade de povos existentes e das classes sociais. E por isso, a importância de explorar as diversas formas de aprendizado e conhecimento, como é o caso da Etnomatemática.
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Essa é uma vertente do ensino de matemática – não tão explorada nos dias atuais – que surgiu em decorrência de pesquisas e estudos dos diferentes povos, onde os pesquisadores desenvolveram técnicas de acordo com as inúmeras necessidades.
Nesse tempo, as lacunas de Matemática foram preenchidas por babilônios, fenícios, persas, árabes, gregos, e por aí vai. Objetivando o estudo de todas essas etnias envolvidas nos diferentes processos matemáticos, mas com uma finalidade única, a de aprender.
Com isso, percebemos que a Matemática é um instrumento que teve como base da sua construção, a diversidade. Diversidade essa de cultura, raça, crença, doutrina, religião, costume, financeira, sendo assim um produto da diversificação cultural.
E quando analisamos o Brasil, verificamos as várias culturas localizadas em diversas classes sociais, onde cada grupo de pessoas possui as suas próprias características, formando assim, a sociedade como um todo. É exatamente nesse contexto que a Etnomatemática entra, com o foco de conciliar as discrepâncias culturais, sociais e as diferentes formas de conhecimento.
Qual é a importância do ensino da Etnomatemática?
De acordo com D’Ambrósio, que foi um grande matemático e professor brasileiro, trabalhar a Etnomatemática em sala de aula, é sobre ajudar as novas gerações, para que conheçam e reconheçam uma matemática muito mais cultural, ligada ao cotidiano de diferentes grupos étnicos.
Em vista disso, essa postura didática vai proporcionar uma valorização e o respeito às maneiras diferentes que os estudantes possuem para entender e compreender. Por exemplo, a maneira de realizar as operações matemáticas básicas entre um garoto de classe média alta e um de classe média baixa, pode possuir diferenças, que devem ser realçadas para que os dois possam entender que, independente da condição financeira, os dois possuem a mesma condição de aprendizado.
A Etnomatemática é uma das formas que os educadores podem demonstrar que existem somente as diferenças financeiras, porém, o intelecto está presente de forma equivalente.
As 3 etapas da metodologia para a Etnomatemática
Na primeira etapa, o educador vai em busca da conexão com os alunos e os seus diferentes grupos, assim irá conseguir levantar dados sobre os saberes culturais, sociais e matemáticos de cada um. É por meio dessas conversas e observações que torna-se possível compreender a realidade e as práticas de cada grupo.
Com isso, é hora de partir para a segunda etapa. Esta que consiste na comparação das informações coletadas por meio do professor, relacionando assim os saberes matemáticos e culturais de cada aluno existente na sala de aula. É bem possível que nesse momento já seja perceptível as diferenças e aproximações entre a matemática tradicional e a matemática aplicada por esse outro viés.
Na última etapa, o educador interpreta os dados coletados e define quais serão os usos matemáticos dentro da realidade de cada aluno. Assim, as diferenças culturais e matemáticas serão validadas.