A lei 10.639/03 completou 20 anos desde a sua publicação, em 2003. Essa é uma pauta que torna obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira em sala de aula de escolas públicas e privadas. Falar sobre essa lei é resgatar a importância do trabalho do educador voltado para as relações étnico-raciais, a fim de que cada aluno respeite e valorize a diversidade do mundo em que vivemos.
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O ensino de história afro-brasileira deve ocorrer desde os anos iniciais dos estudantes, com a intenção de que as conversas sejam naturais para as crianças desde cedo, para que elas possam entender sobre o conceito de raça, diversidade, equidade, racismo, intolerância e outros. Reforçamos que a conscientização é o começo da mudança.
Mas sabemos que esse é um assunto delicado e desafiador de ser trabalhado em sala de aula. Isso porque envolve a representação, o sentido e os valores de cada vivência das pessoas negras e, somente elas, conseguem falar sobre essa educação com tamanha propriedade.
Por este motivo é crucial a formação de professores negros para abordarem o ensino de história afro brasileira dentro das instituições – o que até então tem sido um desafio. Com esses profissionais tendo o domínio para discorrer sobre o assunto, os alunos negros se sentirão mais pertecentes e compreendidos dentro do ambiente escolar do qual fazem parte.
Mas, você deve estar se perguntando: e se eu não tiver esse currículo para aplicar tal ensino? Em tempos atuais, não podemos esperar tanto pela mudança curricular. Para te incentivar a abordar as questões antirracistas na escola, apresentaremos cinco dicas que podem te ajudar como educador.
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Contação de histórias
Os contos e as lendas possuem essa força no que diz respeito ao despertar o debate sobre as questões raciais. Um bom exemplo é a oficina ‘’O filho do vento, uma lenda africana para crianças’’. Esse é um conto de tradição africana, tratando da influência da cultura africana na sociedade brasileira.
Por meio dele é possível aproximar-se de outras formas de viver e compreender o mundo, entrar em contato com histórias que têm personagens negros, fugindo assim, do modelo branco europeu. Além disso, os estudantes vão aprender a valorizar e respeitar a cultura africana e outras culturas.
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Oficinas artísticas
O que faz a cultura brasileira ser tão rica é o fato de que ela é constituída pela cultura africana, indígena, europeia e asiática. E por isso, é tão importante incentivar atividades como o maracatu e a capoeira, pois além do desenvolvimento corporal da criança, as atividades instigam a curiosidade sobre as danças e músicas africanas.
Caso a escola não tenha espaço ou recursos para possibilitar tais atividades, recomendamos o estudo das máscaras africanas. O conteúdo traz à tona o surgimento da arte africana, e como essa cultura está correlacionada a todas as áreas do conhecimento, do ensino fundamental ao médio.
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Brincadeiras
A brincadeira em si leva a criança a assimilar os conceitos e conteúdos de forma mais efetiva ainda enquanto pequenos. Levar as brincadeiras africanas para a educação infantil é um modo de introduzir a consciência das diversas culturas existentes. Existe um portal chamado ‘’Geledés’’, e por ali você encontra um plano de aula completo com brincadeiras africanas.
Mas já podemos adiantar uma brincadeira para ser realizada na sala de aula, é a chamada ‘’Pegue a cauda’’. A turma precisa ser dividida em duas equipes, que formarão filas, com os colegas se segurando pelos ombros ou cinturas. A última pessoa da fila vai colocar um lenço em seu bolso ou cinto, e o objetivo é que a primeira criança conduza os demais para tentar agarrar o lenço. Vence a equipe que localizar e conseguir agarrar o objeto primeiro.
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Filmes
A linguagem visual é uma das formas de inserir as crianças e os adolescentes em universos e representatividades plurais. Além de provocar a empatia, traz envolvimento com os temas e conhecimentos diversos.
Indicamos o desenho ‘’Kiriku e a Feiticeira’’, onde é explorado os valores da cultura e da arte africanas. Além disso, apresenta a grande conexão que esses povos têm com a natureza.
Outro filme que possibilita o debate sobre a história do continente africano e os seus diferentes países, é o ‘’A cor da Cultura’’. O educador tem a chance de incentivar os alunos a aprender sobre os afrodescendentes além da história da escravidão.
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Dinâmicas de participação
As dinâmicas de participação, além de apresentar aos jovens a herança cultural afro-brasileira e da cultura africana, vão envolver também as questões sobre raça. Uma sugestão é o tema ‘’Mulheres negras no cenário nacional’’. Através de uma pesquisa sobre as mulheres negras com maior destaque na vida do país, um debate poderá ser aberto, a fim de discorrer sobre a situação da mulher afrodescendente brasileira do início até os tempos atuais.