Relações étnico-raciais: como garantir práticas antirracistas no ambiente escolar?

Saiba como adotar as ações antirracistas no cotidiano dos estudantes

Formação Publicado em: Autor: Redação Educa SC

Para falar de práticas antirracistas, precisamos primeiro, conhecer um pouquinho da história do racismo no Brasil. Uma história triste e extensa, que representa um grave problema social ainda muito presente nos dias atuais. Sua origem tem como base, teses de cientistas europeus do século XIX, sobretudo médicos e antropólogos, que utilizaram os seus conhecimentos para elaborar doutrinas raciais.

É importante abordar assuntos antirracistas ainda na Educação Infantil

Professora negra lendo para alunos em sala de aula – Foto: iStock/Divulgação/Educa SC

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E hoje, em pleno século XXI, ainda vivemos em uma sociedade altamente racista. Por isso é de suma importância – para não dizer total – que as escolas adotem ações e práticas antirrascistas no cotidiano escolar, tanto na educação infantil, quanto no fundamental e médio.

Principalmente no que diz respeito à educação infantil, isso porque os pequenos estão no início da formação de crenças e valores. Inserir as relações étnico-raciais na rotina das crianças, irá livrá-las de crescerem escolhendo sempre a boneca branca, em vez da preta.

 

Mas afinal, como desenvolver práticas antirracistas no ambiente escolar?

Imagine o seguinte cenário: uma criança negra no início do seu aprendizado referente à história, descobrindo que os negros chegaram no Brasil como seres infelizes, cativos, sem liberdade e que vieram para servir os brancos.

Daí vêm a importância de trabalhar a Educação antirracista nas escolas, onde as crianças negras se sintam pertecentes ao espaço escolar.

E foi pensando nisso que em meados de 2003, a lei 10.639 foi sancionada no Brasil, pautando o que muitos livros didáticos deixavam de fora nas escolas: a história da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura e o papel do negro na formação da sociedade nacional. Essa é uma lei que está focada no ensino fundamental e médio, porém como vimos acima, é necessário trabalhar a educação antirracista desde os anos iniciais e durante todo o ano letivo.

Além do que diz respeito ao pertencimento da criança negra na escola, a educação antirracista também envolve a valorização da identidade e da trajetória dos diferentes povos que formam um país, em vez de adquirir a visão do colonizador como dominante.

Nesse sentido, é preciso que os professores trabalhem questões raciais, culturais e de representatividade, além da diversidade, como um valor para todos os estudantes. Desta forma, estarão proporcionando uma nova perspectiva para o papel dos negros na formação da sociedade e do conhecimento científico.

 

Confira 3 atividades sobre educação antirracista para trabalhar em sala de aula:

  • Peça para os alunos realizarem uma pesquisa sobre a herança africana na nossa cultura: religião, música, literatura, teatro, cinema, moda, gastronomia (Educação Infantil e primeiros anos do Ensino Fundamental);
  • Manifestar no mínimo três heróis negros da história brasileira e três figuras admiráveis do presente e fazer uma análise em cima dessas figuras e o que as levou a ter o reconhecimento (Anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio);
  • Levantar a reflexão sobre quantos médicos, advogados e personalidades acadêmicas negros são conhecidos entre os alunos e analisar os motivos da baixa representatividade em algumas carreiras (Ensino Médio).

Além dessas ideias de interação entre os alunos e a educação antirracista, podemos indicar leituras onde as autoras são mulheres negras também. Assim os estudantes irão adentrar na literatura, e conhecer histórias escritas por mulheres, de forma que valorizem as suas marcas de autoria. E após as leituras, os educadores podem propor a análise dos textos literários para fomentar a discussão, que irá proporcionar a reflexão.

 

Separamos 3 autoras negras que podem auxiliar nesse processo:

  • Quarto de despejo (Carolina Maria de Jesus, 1960): esse é um livro que conta a história da catadora de papel, Carolina Maria de Jesus, relatando o cotidiano da mulher na favela, em São Paulo.
  • Quando me descobri negra (Bianca Santana, 2015): com uma escrita ágil e visceral, o livro denuncia o racismo estrutural velado de cada dia.
  • Pequeno manual antirracista (Djamila Ribeiro, 2019): neste pequeno manual, a filósofa Djamila traz 11 lições breves para entender as origens do racismo e como combatê-lo.

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