Seja na escola, na roda com os amigos ou nas redes sociais, você já deve ter visto posts sobre a mente e o cuidado com o corpo. A prática é ainda mais comum no Setembro Amarelo, mês que marca a prevenção ao suicídio. Mas você sabe o que é saúde mental? Já parou para pensar no assunto?
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Em uma rápida reflexão, fica fácil perceber que estamos inseridos em um mundo ágil e instantâneo. Na terra dos likes e dos dislikes, há quem aposte tudo para conseguir visibilidade. O problema dessa prática, e de tantas outras que afetam a qualidade de vida, são comprovadas com os números da Organização Mundial da Saúde (OMS). Durante o primeiro ano de pandemia, por exemplo, aumentou em 25% o número de ansiosos e depressivos em todo o mundo — com uma prevalência entre mulheres e jovens.
Por mais que não seja algo físico que pode ser comprovado facilmente, como a maioria das doenças, às vezes, o indivíduo consegue perceber quando há algo de errado. A tristeza, irritabilidade, cansaço e desmotivação são alguns indícios que devem acionar o sinal de alerta.
Quer saber o que é saúde mental, a definição e como o autocuidado pode ser um aliado? Então, confira o conteúdo completo!
O que é saúde mental?
Por mais que não seja possível cravar uma definição, já que os sintomas e experiências podem ser diferentes de pessoa para pessoa, a OMS estabelece alguns critérios que exemplificam o que é saúde mental.
Atingir o estado de bem-estar com o uso das habilidades pessoais para lidar com os obstáculos do cotidiano, como o estresse e aquelas emoções que não podemos controlar, por exemplo, é o que o órgão considera como ideal.
Porém, para atingir o esperado, alguns pensamentos precisam mudar. Para a psicóloga regional da Secretaria de Estado da Educação de Santa Catarina Ana Célia Alhadef Sampaio, os conceitos de saúde e doença devem ser avaliados de uma outra forma.
“Muitas vezes, a sociedade tem dificuldade para perceber que é uma doença e também do próprio conceito de saúde e doença, parece que para ter saúde não pode ter doença e, na verdade, a gente sabe que não é bem assim. Ter saúde não significa, necessariamente, não ter doença. A gente tem que desmistificar isso”, conta a especialista.
Na prática, isso significa que é normal não estar feliz todos os dias. Temos momentos de tristeza, de ansiedade ou até mesmo de medo, e esses sentimentos são importantes para o funcionamento do corpo humano.
“Existem outros determinantes da saúde mental e dos transtornos que incluem não só os atributos individuais, o que o indivíduo trás consigo, mas a capacidade de administrar os pensamentos, os comportamentos, as emoções e as interações com os outros”, destaca a profissional.
Vale destacar que os fatores sociais, culturais, econômicos, políticos, ambientais e genéticos podem interferir quando o objetivo é compreender o que é saúde mental.
A exposição à tecnologia
Você sabia que o Brasil é o país com o maior número de ansiosos do mundo? Um levantamento da OMS, divulgado em 2019, aponta que 18,6 milhões de brasileiros convivem com a ansiedade, média que representava 10% da população. O nervosismo antes de uma prova e o medo de falar em público são alguns exemplos de situações que ocorrem no dia a dia e que podem alterar o funcionamento do organismo. Entretanto, é preciso estar atento ao impacto e a intensidade dos sentimentos.
A verdade é que existem inúmeros fatores que podem impulsionar a ansiedade, dependendo do ambiente e da genética. A exposição à internet e tudo o que é visto na tela também pode ser um gatilho.
Quando o foco são os jogos e o impacto na saúde mental, basta pensar que muitos jovens acabam encontrando nos desafios uma opção quase que instantânea para liberar a dopamina (substância ligada ao prazer). Com descargas frequentes e o desejo de ganhar, muitos acabam deixando de aproveitar os momentos de lazer com amigos e familiares.
A relação com as redes sociais também deve ser revista. Na ânsia de conferir cada atualização e o que foi postado, algumas pessoas acabam deixando de lado o presente. A busca pela visibilidade pode acarretar em danos à saúde mental.
Pratique o autocuidado
Para levar uma vida mais tranquila, com qualidade, algumas atitudes são primordiais. O cuidado com a alimentação, uma boa noite de sono e a prática de exercícios são aliados no bem-estar físico e mental. Separar alguns minutos do dia para se divertir, ler um livro e assistir um filme também são formas de autocuidado.
Manter a higiene, se conhecer e se reconhecer e o pertencimento fazem a diferença. Não há dúvidas de que esse conjunto de ações pode melhorar a relação com a saúde mental, mas é essencial saber que eles não eliminam os problemas que podem surgir.
“As pessoas pensam que quando começam a trabalhar o autoconhecimento, autocuidado para se ter saúde mental, a pessoa vai ficar blindada, ela vai ficar imune a todas as questões, esses fatores, sejam externos ou internos, que de certa forma contribuem para que a gente adoece mentalmente”, explica Ana.
Aproveitar os momentos de intervalo para relaxar, ouvir aquela playlist especial, cuidar do cabelo ou meditar também são maneiras de equilibrar o corpo e a mente.
Doença mental ou transtorno mental?
Você, com certeza, já se deparou com os dois termos. Porém, quando utilizar cada um? O transtorno está relacionado com um conceito amplo de diagnóstico, algo que pode variar de indivíduo para indivíduo. Nessas alterações, o cuidado, o tratamento e a vivência são diferentes, levando em consideração a singularidade.
No caso das doenças, existe uma causa, padrão e sintomas, modelo que é aplicado quando há um problema físico ou em algum órgão do corpo — como nos casos de diabetes e pressão alta, por exemplo.
É preciso falar sobre saúde mental
Muito mais do que ter um mês específico no ano, saber o que é saúde mental e promover debates sobre o assunto é missão de todos. Falar com os colegas e com os pais é o primeiro passo para entender os sentimentos. Por mais que o tema ainda seja sensível, a sua voz pode impactar o outro.
“Para combater o preconceito não tem outra forma a não ser falar sobre o tema. Entender que todo mundo tem um jeito de funcionar, mesmo que seja um jeito diferente do seu. Tentar construir formas de convivência que não afastem quem é diferente”, declara a psicóloga.
Ter o hábito de perguntar se os outros estão bem, compartilhar as emoções do seu dia com a família e ter a empatia de perguntar se alguém precisa de ajuda também são opções simples, mas que fazem a diferença.
Série especial no Educa SC
Com o objetivo de demonstrar a importância do tema e do Setembro Amarelo, o Educa SC dá início à série de reportagens sobre saúde mental. Serão três conteúdos no portal, um podcast e mais a extensão do tema no programa “Educação e Saúde”, quadro semanal que vai ao ar nos canais do Educa SC. O intuito é que você aprenda sobre o funcionamento do corpo, dividindo o conhecimento com o amigo e incentivando as boas práticas em casa e na escola.
Vale destacar: se você não está se sentindo bem, procure ajuda especializada. Converse com as pessoas que estão ao redor e não tenha medo de explicar a situação. Falar e ouvir é um ato de empatia!