E se um incêndio dominasse a sua escola? Com colegas desesperados e a fumaça chegando cada vez mais perto, você saberia o que fazer? Felizmente, para os alunos da Escola de Educação Básica (EEB) Adelaide Konder, em Navegantes, a resposta é “sim”. Com o Projeto Pedagógico anual de Segurança no Trabalho, a comunidade escolar está preparada para lidar com possíveis acidentes.
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No Brasil, episódios de acidentes de trabalho são frequentes e ocupam a quarta posição no mundo. Entre 2007 e 2013, mais de cinco milhões de ocorrências aconteceram, dos quais 45% resultaram em mortes, invalidez, afastamento permanente ou temporário. Desta forma, treinamentos envolvendo a segurança de alunos, professores e futuros profissionais é muito importante.
Na escola, os alunos do Ensino Médio Integrado com a educação profissional saem do Ensino Básico preparados para o mercado de trabalho. Um destes cursos é o Técnico em Segurança do Trabalho.
Pensando nos componentes curriculares desta especialização e na necessidade do restante da comunidade escolar de colocar o que aprendem em sala de aula, um projeto pedagógico que envolve a Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (Sipat) foi criado.
Envolvimento com aspectos escolares
Para a diretora escolar, Tatiana Cardozo Anacleto Gonçalves, e para o coordenador do curso técnico, Gilnei Gomes Gonçalves, existe uma série de aspectos que contribuem para a inserção do projeto na escola – que vão desde a evolução dos alunos como futuros profissionais até a integração da comunidade com entidades públicas.
“Com a Sipat e o simulado de abandono é possível desenvolver em toda a comunidade escolar a filosofia de segurança do trabalho e doutrinar a equipe técnico-administrativa, os docentes e alunos para possíveis casos de necessidade de evacuação emergencial da escola”, expressam.
Ao longo de todo ano letivo, além das aulas teóricas, várias atividades são desenvolvidas, como formação de turma de brigadistas, campanhas educacionais sobre saúde do trabalhador, eleição da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes etc.
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Animação em aprender
NA Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho a escola realmente ganha vida. Palestras variadas sobre todas as áreas que envolvem a saúde do trabalhador conquistam um espaço especial entre a rotina dos animados estudantes.
Além disso, é nesse período que o simulado de abandono e a formatura dos brigadistas – eventos que causam euforia em toda comunidade escolar – acontecem. Neste ano, foram nos dias 29 e 30 de novembro.
“Pessoas desesperadas, em que a ordem e a confiança são primordiais. E mesmo com todas as dificuldades, eles conseguiram”, entre sirenes de carros de bombeiros e o grito de alunos, estas são as palavras que compõem o vídeo do simulado de abandono.
Produzido pelos próprios estudantes, o vídeo mostra como aconteceram os eventos do dia, desde o começo do “fogo”, simulado com sinalizadores e bombinhas de barulho, até a formatura dos brigadistas.
Tatiana conta que tudo é preparado com antecedência em conjunto com o Corpo de Bombeiros da cidade e que os alunos se envolvem ao ponto de fingirem desespero para fazer com que a situação chegue o mais próximo da realidade.
“Ao longo de todo ano vai se criando uma expectativa em relação a realização da Sipat, do plano de abandono e do batismo dos brigadistas. Já é uma tradição da escola e todos ficam aguardando as palestras, os eventos e as atividades que finalizam o projeto. Inclusive, na comunidade que circunda a escola, pois seus filhos e parentes comentam em casa tudo que vai sendo desenvolvido ao longo do ano”, acrescenta.
O que é um Simulado de Abandono?
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Em linhas gerais, o simulado de abandono é um ensaio de evacuação de um local, em caso de incêndio ou pânico. Neste momento, todas as pessoas que estão no ambiente deverão, mediante um sinal de alerta, obedecer os comandos que são apresentados.
A prevenção ainda é a melhor opção para evitar situações fatais em caso de emergências, ainda mais na escola, que oferece um curso técnico em Segurança do Trabalho. Isso porque, apesar de exigir certos esforços, a aprendizagem dos alunos poderá salvar os estabelecimentos que irão frequentar e as vidas que lá estiverem dos prejuízos decorrentes de situações como estas.
Um exemplo contrário a isso é a tragédia que aconteceu na Boate Kiss, em janeiro de 2013, deixando 242 vítimas fatais. Ao se deparar com situações de emergência, a primeira reação das pessoas é o desespero, por não saber como proceder.
Felizmente, todos os alunos da EEB Adelaide Konder que participaram da simulação, a partir de agora, terão total ciência de quais providências tomar e para qual lado se direcionar a fim de evitar um acidente maior ainda.
“O que se tem observado ao longo do tempo foi uma evolução na cultura da segurança dentro da escola, somado ao prestígio que o curso alcançou na comunidade, uma vez que a formação dos alunos tem atingido níveis de excelência, resultando em constante procura dos alunos para serem absorvidos pelo mercado de trabalho local”, afirmam os docentes da instituição.