Ao longo da história, Santa Catarina recebeu imigrantes de diferentes partes do continente europeu. Um desses povos foram os alemães, que deixaram na região uma rica herança cultural que está presente na arquitetura, gastronomia, tradições, festividades e até mesmo na língua falada em algumas regiões colonizadas.
A colonização alemã em Santa Catarina começou quando os primeiros povos imigrantes chegaram à região em 1828, em um grupo com cerca de 523 colonos vindos de Hunsrück, um território de montanhas cercado pelos vales do Rio Moselle, Rio Nahe e Rio Reno, no estado da Rênania, no sudoeste da Alemanha.
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O dialeto hunsrückish, herança deixado por esses povos, é falado até hoje por descendentes que vivem em localidades fundadas por alemães. Na escola, você já deve ter estudado sobre essa cultura. Que tal um passeio na prática para conhecer quatro cidades catarinenses que tiveram a colonização alemã no Estado? Veja quais são.
1. São Pedro de Alcântara
Os imigrantes do sudoeste alemão que chegaram à Santa Catarina, em 1828, fundaram em primeiro de março de 1829 a Colônia de São Pedro de Alcântara, a primeira colônia alemã do estado e a segunda da região Sul do Brasil.
Atualmente, o município de São Pedro de Alcântara conta com atrações que contam a história e fazem homenagem aos primeiros grupos de origem germânica que chegaram à região.
Algumas influências dessa colonização podem ser vistas na Casa da Cultura e na Praça Leopoldo Francisco Kretzer, no Centro da cidade, onde os visitantes podem observar construções como o Obelisco dos Sobrenomes, o Monumento ao Centenário da Imigração Alemã e o Monumento às Famílias de Imigrantes.
2. Blumenau
A Colônia São Paulo de Blumenau, atual município de Blumenau, foi fundada em 2 de setembro de 1850, na região do Vale do Rio Itajaí pelo imigrante Hermann Bruno Otto Blumenau, um farmacêutico da Saxônia, um estado no leste da Alemanha.
Blumenau está fortemente ligada a cultura da Alemanha, trazida pelos imigrantes europeus. A cidade é conhecida por celebrar todos os anos a Oktoberfest, a segunda maior festa da cerveja do mundo que ocorre em outubro durante 17 dias e atrai visitantes do Brasil todo.
Outro evento que faz parte da agenda cultural do município é o stammtisch, tradicional reunião de associações na rua XV de Novembro.
Além das festividades, elementos da história, cultura e arquitetura alemã podem ser vistos em construções como o Prédio da Prefeitura, o Parque Vila Germânica, o Museu da Cerveja, o Museu da Família Colonial e o Mausoléu Doutor Blumenau, onde estão depositados os restos mortais do fundador da cidade.
3. Joinville
A Colônia Dona Francisca, atual município de Joinville, recebeu esse nome por causa da Princesa Francisca de Bragança, filha do Imperador Dom Pedro I e da Imperatriz Leopoldina.
A monarca casou-se em 1843 com o Príncipe de Joinville, Francisco Fernando de Orléans, filho do rei Luís Felipe I, da França. A região onde hoje fica a cidade foi o presente de casamento da princesa.
No entanto, após seu pai perder o trono da França em 1848, o Príncipe de Joinville precisou se refugiar na Inglaterra e assim surgiu a ideia de colonizar o território com imigrantes europeus.
Em 1851, a barca Colon partiu de Hamburgo, no Norte da Alemanha, trazendo os primeiros alemães que chegaram em 9 de março do mesmo ano e fundaram a Colônia Dona Francisca.
Um local histórico, a residência construída para administrar os bens do príncipe Francisco Fernando, atual Museu Nacional de Imigração, conta a história da chegada dos imigrantes à cidade.
Outros atrativos como o Pórtico, construído em estilo enxaimel na entrada da cidade, e bares e restaurantes que servem práticos típicos da gastronomia alemã, como o Biergarten, a choperia oficial de Joinville, oferecem um gostinho da cultura e da culinária dos imigrantes.
4. Pomerode
Conhecida como “A cidade mais alemã do Brasil”, Pomerode foi fundada na região entre Blumenau e Joinville por imigrantes vindos da região da Pomerânia, no Norte da Alemanha, em 1863.
A localização estratégica foi incentivada pelo Doutor Hermann Blumenau para fortalecer o comércio entre as cidades. Os imigrantes pomeranos que se instalaram ali eram agricultores e se dedicaram à plantação de arroz, batata, fumo, mandioca, feijão e à criação de animais.
A cidade possui forte influência da cultura deixada pelos imigrantes que pode ser observada na arquitetura em estilo enxaimel das residências, nas festividades que atraem visitantes do Brasil inteiro, como Osterfest, tradicional festa da páscoa famosa por apresentar a maior árvore e o maior ovo de páscoa do mundo.
Além da arquitetura, das festas e eventos gastronômicos, uma herança marcante deixada pelos colonizadores é a linguagem. Além do português e do dialeto pomeranos, grande parte da população do município fala um alemão bastante próximo do Hochdeutsch, o alemão padrão falado na Alemanha.
Na rua Leopoldo Blaese, o Museu Casa do Imigrante Carl Weege, onde viveu o colonizador Carl Weege e sua família, é possível aprender sobre o cotidiano e a vida das pessoas que deixaram sua terra natal e se aqui se instalaram.