“As gavetas do coração”. A frase pode até parecer uma metáfora bonita para se referir aos sentimentos, mas esse é o título do livro da catarinense Denise Becker, que foi ponto central de diversas discussões sobre saúde mental durante o mês Setembro Amarelo na Escola de Educação Básica (EEB) João Batista Fleck, de Saudade, no Oeste de Santa Catarina.
As instituições de ensino, além de serem um local de manifestação de vida, são ambientes propícios para o desenvolvimento emocional de crianças e jovens, contribuindo para reduzir estigmas, tabus e preconceitos em relação a problemas relacionados à saúde mental.
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Pensando na importância e no impacto do mês Setembro Amarelo, mês destinado à prevenção do suicídio e de preservação da vida, na realidade dos seus estudantes e professores, a escola resolveu promover uma ação que aproximou toda a comunidade escolar por meio do diálogo, escuta e acolhimento.
Apoio para alunos na escola: uma questão crucial
Tudo começou quando a Secretaria de Educação Municipal presenteou a direção com três exemplares do livro “As Gavetas do Coração”, que explora a reflexão sobre o que guardar nas várias “gavetas” que surgem no processo de amadurecimento das pessoas.
Márcia Regina Rohr, diretora da unidade, conta que, após ler o livro, enxergou a necessidade de dedicar um projeto escolar apenas para o assunto. A partir disso, as turmas do pré ao nono ano do Ensino Fundamental, embarcaram na aventura de conhecer seus sentimentos e não ter receio de expressá-los em um ambiente seguro como a escola.
“Juntamente com os professores, nas aulas de ensino religioso, realizamos a leitura do livro com os alunos e propomos um diálogo acerca de cada página. Nesse momento, os alunos conseguiram expressar seus sentimentos e angústias “, complementa.
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Para a diretora, o ambiente escolar é perfeito para tais ações, porque é nele onde, muitas vezes, os alunos se sentem mais confortáveis de demonstrarem seus sentimentos em relação ao ambiente familiar. Um local que dá espaço para os alunos se sentirem livres e acolhidos ao falar.
Uma das ações pedagógicas realizadas foi a criação de uma árvore da vida, em que os estudantes confeccionaram duas “folhas” em forma de corações: uma onde colocaram o que não queriam em sua vida, escola e famílias; e a outra em que expressaram o que desejavam para si e para as pessoas que amavam.
“Ouvimos os alunos e os professores e, segundo eles, provocamos reflexões sobre o que guardar nas várias gavetas que existem na vida. Nossos alunos se sentiram à vontade para expressar seus sentimentos e para os professores foi gratificantes conhecer melhor a história de um, tendo um novo olhar perante a realidade em que está inserido”, conclui Márcia.
Trabalhar a saúde mental na escola pode ir além do mês Setembro Amarelo. Além disso, é uma forma de fortalecer o senso de comunidade e a criação de uma rede de apoio para estudantes em diferentes realidades.