Conexão com o planeta, com o próximo e com a comunidade. Esses são alguns dos pilares da meditação, prática milenar que está chegando cada vez mais perto das salas de aula para auxiliar no ensino e aprendizagem de alunos e professores, como é o caso da Escola de Educação Básica (EEB) Rosa Torres de Miranda, em Florianópolis.
A partir da vontade de transformar o ambiente escolar em algo leve e tranquilo, principalmente com a volta às aulas presenciais após vários meses de ensino remoto por conta da pandemia do novo coronavírus, a professora Mariana Zimmermann Lentz iniciou o Projeto MeditAR.
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“As atividades ocorreram de uma forma muito natural. No começo, os alunos tinham um pouco de receio de fechar os olhos e ‘se entregar’, mas logo na conclusão da primeira meditação gostaram demais. Inclusive, nos dias em que esqueço de aplicar por algum motivo, logo me lembram de fazer”, conta a educadora.
Uma alternativa à ansiedade
A ideia surgiu nos primeiros dias de aula da turma do quinto ano do Ensino Fundamental. Agitados e ansiosos pelo retorno à escola, os alunos apresentaram problemas de concentração e foco dentro da sala, consequência do medo da pandemia e da realidade de isolamento durante o ano de 2020.
O sonho da professora Mariana é que o projeto chegue em todas as escolas do Estado, impactando a forma de estudar e viver a sala de aula de alunos e professores da rede estadual de educação. Na escola onde trabalha, por exemplo, o resultado na vida de seus estudantes já é grande.
“A meditação me deixa focada nos estudos, calma. Eu não fico mais agitada para fazer as atividades e consigo me concentrar muito bem”, relata a estudante Emili Ester da Silva do Rosário, 11.
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Assim como Emili, diversos outros alunos do quinto ano sentiram a tranquilidade do método que consiste na percepção da respiração e dos batimentos cardíacos. Desta forma, sentindo seus processos interiores, os alunos são guiados para contextos de autorreflexão. A atividade tem duração média entre três a cinco minutos.
“O projeto MeditAR não requer investimento financeiro e o impacto que causa só traz benefícios positivos para todos da comunidade escolar: professores e alunos tranquilos para administrar as aulas e construir o processo de ensino e aprendizagem de uma forma leve”, diz a professora.
Mindfulness e a conexão consigo mesmo
O livro “Quietinho como um sapo” serviu de inspiração para o projeto. No meio de suas 112 páginas que abordam a introdução da técnica de meditação para pais e crianças, um conceito chamou muito a atenção da professora: o Mindfulness (atenção plena).
“Mindfulness, ou atenção plena, é sentir o sol na pele, sentir as lágrimas salgadas rolarem por seu rosto, sentir uma onda de insatisfação no seu corpo. Mindfulness é experimentar tanto a alegria quanto a tristeza, quando e onde elas aconteçam, sem ter que fazer nada a respeito, reagir ou emitir opinião. Mindfulness é dirigir sua atenção amorosa para o aqui e agora, o tempo todo”, destaca Mariana como uma das partes mais importantes do livro.
Hoje, após alguns meses do começo da iniciativa, a turma do quinto ano é outra: alunos tranquilos, conhecedores de seus próprios corpos e mentes, capazes de controlar suas emoções de acordo com cada situação. “Eu sou uma pessoa muito agitada, com a meditação eu estou conseguindo me aquietar e fazer as atividades da melhor forma possível”, diz Maria Luiza Formigoni Pires, 11, um dos exemplos do sucesso do projeto de meditação na escola.