Na semana em que se comemora a Revolução Farroupilha, um dos episódios históricos mais marcantes para a comunidade gaúcha, a escola Olga Fin Travi, em Guatambu, no oeste catarinense, realiza uma série de atividades alusivas à data. O projeto Tchê, como foi batizado, existe desde 2015, e desde então, todos os anos, transforma a escola em um verdadeiro palco das tradições gaúchas.
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Tudo começou com a ideia de uma ex-professora, que há oito anos decidiu reunir estudantes que gostavam de ouvir músicas gaúchas para formar um grupo de dança. “Na época, uma breve pesquisa revelou que a maioria de nossos alunos eram descendentes de gaúchos vindos do Rio Grande do Sul e que, direta ou indiretamente, preservam costumes próprios dessa cultura”, explica Pedro Gelso Schneider, diretor da escola.
“Muitos de nós somos de famílias que vieram do Rio Grande para cá, então o projeto em si, é de muita importância, para que nós conheçamos a cultura e a história gaúcha. Nós, alunos, estamos sempre envolvidos no projeto, e isso com certeza aumenta o nosso conhecimento sobre a cultura do nosso estado vizinho”, conta a estudante Izabela Guerra Favaro.
De lá para cá o Projeto Tchê só ganhou força e novas atividades: grupo de dança, de música com gaita e violão, palestras, parceria com o CTG Potro sem Dono, torneio de laço na vaquinha parada, café camargo e café colonial, resgatando as tradições do sul do país.
Neste ano, as atividades do projeto Tchê iniciaram no dia 19 de setembro, quando os alunos da escola assistiram o vídeo “Massacre de Porongos”, que trata da Revolução Farroupilha. Na ocasião, estudantes e professores puderam debater sobre a batalha mais importante da história do Rio Grande do Sul, além de relembrar a importância do Dia do Gaúcho e do próprio projeto Tchê.
Na quinta-feira (20) foi dia do famoso Café Camargo – café misturado com leite que é retirado direto da vaca. Para isso, no dia anterior, as vacas são levadas até a escola onde passam a noite (sob os cuidados dos próprios alunos, que também passam a noite por lá).
Quando o sinal toca, às 7:30 da manhã do dia seguinte, alunos e professores preparam o café passado para então iniciar o processo de ordenha: “Cada um pega sua caneca de café e vai até a vaca, onde vai ordenhar e tirar o leite para fazer o seu café camargo”, detalha o diretor.
A confraternização em torno do Café Camargo conta ainda com comidas típicas – como churrasquinho no espeto -, roda de viola e até declamação de poesias gauchescas. “Para a comunidade escolar, esse projeto é muito importante, pois resgata aspectos históricos da nossa região Sul do país, além de manter viva a cultura gaúcha no nosso município e em nosso meio escolar”, destaca o professor de física, Silvestre Favaro.
No dia 21, foi a vez do Torneio de Laço da Vaca Parada e ainda do Concurso do Chimarrão. No torneio do Laço, os alunos laçam as aspas da vaca parada, que é representada em forma de um cavalete de madeira. A ideia é que os estudantes exercitem a prática dessa modalidade – que faz parte da tradição gaúcha – nas aulas da disciplina de Educação Física, no intervalo das aulas e também durante o evento.
“O Laço da Vaca Parada tem como objetivo manter os alunos motivados durante as aulas de Educação Física, além de contribuir com muitas capacidade físicas, como a coordenação motora, agilidade, concentração, socialização e cooperação. Os alunos que já sabem laçar, auxiliam os mais novos a aprender a modalidade”, explica o professor de educação física, Gilnei Vianini.
Simultaneamente ao torneio, aconteceu o concurso do Chimarrão, dividido em duas categorias: tradicional e enfeitado. De acordo com a professora de história, Angela Regina Sulsback, o chimarrão faz parte da cultura local. “Ao se instalarem em Guatambu, por volta de 1870, os caboclos passaram a trabalhar na terra e a usufruir do que a natureza oferecia: ervas nativas em abundância. Com a chegada dos colonos por volta de 1920, o hábito do chimarrão tomou força”, conta Angela.
E para finalizar as comemorações, no dia 22, a comunidade escolar realiza apresentações de danças típicas, um jantar com o famoso arroz carreteiro e muita música gauchesca. Tudo para manter viva as tradições de seus descendentes gaúchos.