Conhecer as características do local onde vivemos é essencial para criarmos uma conexão com este lugar e entendermos a importância de protegê-lo. Foi com esse pensamento que uma professora do quinto ano do Ensino Fundamental da Escola de Educação Básica (EEB) Maria Corrêa Saad, de Garopaba, no Litoral Sul do Estado, organizou uma saída de campo com os alunos para a Praia da Ferrugem, uma das nove praias localizadas no município.
De acordo com Andreia Quintanilha Lopes, a saída de campo foi um fechamento das atividades do semestre. A educadora, que trabalha com os alunos de maneira interdisciplinar, conta que planejou o passeio com o objetivo de mostrar os conteúdos estudados em sala de aula na prática.
“Essa saída de campo foi para eles verem na prática os diversos tipos de ecossistemas que nós temos aqui na nossa cidade. Um dos meus objetivos era que eles conseguissem identificar o bioma em que a gente está inserido. Não foi simplesmente uma saída a passeio, foi uma saída para estudo, para ver na prática esses ambientes que a gente estudou em sala de aula. Também o meu objetivo, além de todos esses conceitos, foi que eles percebessem a importância do lugar que a gente vive.”
Ao chegar na praia, os estudantes fizeram uma trilha e conheceram um sambaqui, a pilha de conchas construída pelos índios Carijós que viviam na região durante o período Pré-Colonial servia como cemitério e também como monumento, para identificar qual grupo habitava determinada região.
No local, hoje conhecido como Morro do Índio, ainda há vestígios de uma oficina lítica que as populações autóctones utilizavam para produção e polimento de artefatos como armas e ferramentas.
Segundo Andreia, a maioria dos estudantes nasceu na cidade, mas não conheciam o contexto histórico e geográfico da Praia da Ferrugem, uma das mais famosas do município. “Eles ficaram admirados porque eles frequentam essa praia, mas nunca tinham olhando com esse olhar. Eles viam aqueles círculos, aquelas marcas, mas não sabiam o porquê”, comenta a professora.
Além de seu trabalho como educadora, Andreia também é voluntária e participa de ações de limpeza nas praias da região. Apesar de os alunos não terem participado do mutirão, a professora ensinou às crianças sobre a importância de não jogar lixo na praia e de proteger o local. “Acho que é isso que a gente tem que passar para os alunos, conhecer o nosso lugar e proteger” destaca.
De volta à sala de aula
O passeio pela Praia da Ferrugem foi uma aula de ciências, história e geografia a céu aberto. Os alunos foram instruídos pela professora Andreia Quintanilha Lopes a registrar fotos de animais e vegetação no local para serem usadas mais tarde para estudo em classe. De volta à sala de aula, a educadora pediu para que cada um escrevesse um texto contando o que viu na praia e o que achou da aventura.
“Chegando na praia, nós subimos em umas pedras e lá nos encontramos marcas de sambaquianos, subindo mais ainda chegamos a um lugar que era um cemitério de indígenas. Nós tínhamos encontrado antes líquens e uma árvore de pinheiro, também fizemos um piquenique” escreveu o estudante, Arthur Benjamin Machado Meyer, de 10 anos.
Já nas anotações do aluno Misael Moura Mendes, 12, o que chamou mais atenção do garoto na praia foram as construções próximas das dunas. “Aprendi que as dunas são formadas com areia do fundo do mar e também que tem uma espécie de planta que ajuda as dunas a ficarem firmes”, escreveu o estudante.
A estudante Fabriely Daudt Lopes, 10, conta o que achou de mais interessante na praia: “Nós fomos na Praia do Capão, localizada na Ferrugem, lá vimos plantas exóticas e nativas e também vimos a ligação da lagoa com o mar, um exemplo de ecossistema”, relata.