Setembro Amarelo é considerado o mês da campanha de conscientização sobre a importância da prevenção ao suicídio. É um assunto que precisa ser abordado nas escolas não apenas no mês de setembro, mas durante todo o ano letivo. Isso porque, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), são registrados cerca de 14 mil suicídios por ano, e os principais casos, estão entre os jovens de 15 e 29 anos.
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O responsável por colocar a campanha do Setembro Amarelo no calendário nacional foi Antônio Geraldo da Silva, Presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). A ação surgiu em 2013, com a ideia de quebrar tabus, reduzir estigmas, e encorajar as pessoas para que elas busquem e ofereçam ajuda.
Mas vale lembrar que não é só no mês de setembro que esse assunto deve ser levado em pauta para as salas de aula. Falar sobre as nossas emoções deve ser algo rotineiro, principalmente na vida dos estudantes, que estão descobrindo tantos sentimentos novos nessa etapa de crescimento.
Muitas são as causas que levam as pessoas à tentativa de suicídio, e a principal é a depressão. Mas, diversas outras situações, que causam profundo sofrimento, como traumas emocionais, diagnósticos de doenças graves, bullying, também podem ser responsáveis pelo aumento nas estatísticas de suicídio.
E por isso discutir sobre saúde mental com os alunos é fundamental, pois são os problemas da mente que desencadeiam os físicos, mas lembre-se que falar sobre essa questão exige cuidado e sensibilidade da parte de quem estará na escuta ativa.
Inclusive, bons exemplos de escuta ativa são os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), tidos como unidades de proteção social básica do SUS, que tem como principal objetivo, prevenir as ocorrências de situações de vulnerabilidade, como por exemplo, a tentativa de suicídio.
Mas afinal, qual é o papel da escola no Setembro Amarelo?
Segundo a psicóloga Tatiane Andrade, o papel da escola é primordial. Isso porque as crianças e os adolescentes possuem um vínculo diário com as instituições, e por isso, a equipe de educação precisa ter essa observação sobre as vivências que podem impactar na ideação ao suicídio. “Educar sobre e criar grupos de apoio e discussões frente às emoções e vivências são algumas das ferramentas que as escolas podem colocar em prática como técnica de acolhimento e escuta. A escola é um elo entre crianças, jovens e adultos e pode ainda fazer essa ligação com a instituições de saúde para auxiliar essa campanha tão importante que é a do Setembro Amarelo, explica’’.
Ressaltamos também a importância de falar sobre a saúde mental e emocional nas escolas durante todo o ano escolar, e não apenas no mês da campanha do Setembro Amarelo, pois a construção de redes de apoio fazem parte desse processo de descoberta, escuta e acolhimento.
É de extrema importância que os estudantes se sintam confortáveis, para assim iniciar a prática de falar sobre os sentimentos e conversar sobre eles – sabemos que não é uma tarefa fácil – e por isso, precisa ser trabalhada com o tempo.
Dito isso, o papel da escola para além da escuta ativa no Setembro Amarelo, pode ser realizado da seguinte forma:
- Informar: abrir rodas de conversa para trabalhar a temática da saúde mental e emocional para toda a comunidade escolar;
- Identificar: estar à par do comportamento dos estudantes no cotidiano escolar, para assim conseguir perceber algum primeiro sinal quando o estudante estiver passando por problemas de saúde mental;
- Acolher: é na escola que os estudantes passam muitas horas do seu dia, e por isso eles precisam se sentir acolhidos para ter conversas que estejam precisando no momento;
- Agir: caso a escola identifique algum estudante que indica sinais de não estar bem, a escola deve orientar a família para um apoio especializado.
E como a escola pode auxiliar os alunos durante todo o ano letivo sobre a prevenção ao suicídio?
Conversar sobre suicídio com certeza está longe de ser confortável, mas é necessário. Inclusive, abordar os temas durante todo o ano letivo pode ajudar muitos alunos que não estão conseguindo se expressar, e com tais medidas, possam passar a sentir confiança no todo, e assim a possibilidade de um ato extremo, como o suicídio, poderá ser poupado. Confira algumas maneiras da escola trabalhar o assunto:
- Conscientizar a comunidade escolar: promover ações como palestras, rodas de conversa, a fim de uma maior conscientização dos estudantes, familiares e profissionais da educação;
- Informar os canais de acolhimento e ajuda: em toda ação que a escola fizer sobre a prevenção ao suicídio, deve constar os canais para pedido de ajuda, como os CRAS do Estado;
- Envolver profissionais especializados no assunto: é essencial que toda escola conte com o apoio dos profissionais especializados no tema, tais como orientadores educacionais e psicólogos escolares;
- Apoiar o desenvolvimento da educação socioemocional: a escola pode incluir atividades na rotina dos alunos que trabalhem as competências socioemocionais, tais como mímica com emoções, contação de histórias, jogos educativos, etc.
Conheça os CRAS e como eles como ele podem auxiliar no combate ao suicídio
Dentro da Secretaria de Saúde do Estado, existem os centros de apoio, chamados de Centros de Referência da Assistência Social (CRAS). Esses lugares são de equipamento público, onde são oferecidos serviços, programas e benefícios com o objetivo de prevenir situações de risco para as pessoas que estão em situação de vulnerabilidade pessoal e social.
Para realizar o cadastro, as pessoas interessadas devem procurar o CRAS da sua cidade e ir presencialmente para a realização do mesmo. Basta ter um representante legal da família para estar realizando a inscrição. Em Santa Catarina, existem 338 CRAS que são distribuídos em 266 municípios.
Os serviços ofertados no CRAS são divididos da seguinte forma:
- Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF);
- Serviço de convivência e fortalecimento de vínculos (SCFV);
- Serviço de proteção social básica no domicílio para pessoas com deficiência e idosos.
A maior demanda de serviços prestados pelo CRAS está concentrada no PAIF, que é o setor responsável pelo atendimento às famílias, com o intuito de entender e acolher o contexto familiar, para assim traçar estratégias para as suas superações, tal como a prevenção ao suicídio.