Você provavelmente já deve ter visto um vídeo que viralizou nas redes sociais nas últimas semanas, mostrando um professor de educação física ajudando um menino que tem encefalopatia, a andar. No vídeo, compartilhado pelo próprio educador em seu instagram, é visível o progresso do aluno, que quase não conseguia levantar da cadeira e, após alguns meses, já estava correndo com os colegas.
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O responsável por esse trabalho motivador é o profissional de educação física, Júlio Gonçalves, que há 12 anos ministra aulas na rede pública de Porto Velho, em Rondônia. Mesmo sem nenhuma especialização na educação inclusiva, Júlio sabia que poderia fazer algo a mais por Luiz.
O garoto de nove anos sofre de encefalopatia crônica discinética, uma condição causada por baixa oferta de oxigênio e que ocorre perto do nascimento da criança. Em decorrência disso, o aluno tem algumas dificuldades motoras e de fala. De acordo com o professor, Luiz sempre foi capaz de ficar em pé, mas tem muita dificuldade para locomoção e precisa de exercícios e estímulos sistematizados.
Júlio conta que a recomendação era que não deixasse o aluno levantar da cadeira de rodas, pois havia o risco de queda, mas ele não se conformou com a situação e desenvolveu um trabalho específico e individualizado, incluindo a participação de Luiz nas aulas de Educação Física com os outros alunos.
“Primeiro eu identifiquei quais eram os potenciais do Luiz. Depois, verifiquei quais estímulos seriam necessários (força, equilíbrio, coordenação). A partir daí, consegui realizar um trabalho específico com ele, de forma individual, no intervalo entre as aulas e, posteriormente, com os demais alunos, incluindo nas atividades coletivas, explica Júlio.
Segundo o professor, Luiz sempre foi capaz de ficar em pé, mas tinha muita dificuldade para locomoção e precisava de exercícios e muitos estímulos. “No início, Luiz tinha muita dificuldade para se levantar de uma cadeira, por falta de força e maior dificuldade na marcha. Com os estímulos, ele tem melhorado muito essa condição, e ao vê-lo caminhando em boa velocidade, em uma atividade com os demais alunos, eu não contive e vim as lágrimas, de alegria”, conta.
“Boa parte das crianças tem um olhar cuidadoso com ele, como proteção e dão o maior incentivo quando veem ele interagindo e se esforçando. Alguns com olhares bem orgulhosos. Sei que é um trabalho árduo e difícil, muitas vezes causado pela falta de suporte. Porém, nada mais gratificante que ver um aluno se superando e criar memórias incríveis nas pessoas e poder mudar a vida delas”, conclui.