Quando se é criança, tudo é brincadeira, e o mundo é totalmente sem regras. Isso porque os pequenos estão em desenvolvimento e ainda não conseguem ter o discernimento do que pode e o que não pode. Por isso aquela fala, que vem junto com o medo, bem comum da maioria dos pais: ‘’não posso tirar o olho dessa criança por um segundo’’.
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E quando ocorre o menor descuido, a criança provavelmente já passou o batom da mãe por toda a parede da casa, ou até mesmo já derrubou qualquer objeto que ela tenha visto pela frente. O que é totalmente compreensível, pois ainda não houve o posicionamento dos pais ou cuidadores da criança, de que ela não pode fazer aquilo.
A partir do momento que a criança começa a ouvir ‘’não’’ dos pais, ela vai compreender que a sua vontade é diferente da vontade deles. E por isso, estabelecer esses limites, vai fazer com que a criança entre em contato com o que é certo e o que é errado, e respeite o que o outro diz.
A importância dos limites no desenvolvimento infantil
Segundo a filósofa e escritora Tania Zagury, colocar limites é um modo de ajudar a criança a modificar o seu comportamento, sem prejudicar a sua autoestima. A compreensão e a firmeza dos pais, na contenção de condutas inadequadas, junto com o aumento da maturidade e da capacidade de autocontrole da criança, resultam em uma substituição das ações impulsivas e inaceitáveis por condutas adequadas.
A partir do momento que a criança tem a percepção do outro, perante o limite imposto, ela começa a entender que não é só o seu querer que importa. A falta desse olhar com o próximo, pode gerar angústia, incerteza, culpa e até agressividade. Isso porque pra criança que cresce sem limite, e só o que ela diz importa.
Falar sobre os limites no desenvolvimento infantil é abordar também, os valores dessa criança, que no futuro vão nortear as suas decisões sobre o que é certo ou errado.
Porém, essa tarefa de impor limites não é fácil, pois exige que os pais estejam seguros do que estão fazendo, e às vezes, eles não estão de fato, até porque criar uma criança é um desafio constante, principalmente no quesito educação.
Como impor os limites no desenvolvimento da criança?
Ao impor os limites para a criança, ela precisa entender o porquê de não poder fazer determinadas atividades, o que pode ou não fazer em determinados lugares, e assim por diante.
E quando o adulto responsável pela criança age de forma autoritária e na medida certa, ele estará educando um cidadão responsável, respeitoso e que se preocupa com o próximo.
Veja algumas dicas que podem ajudar na hora de impor limites no desenvolvimento infantil:
- Imponha regras aos pequenos. Dessa forma, o responsável pela criança estará ensinando que ele lhe deve respeito e que a vida não é sempre como ele quer;
- Estabeleça condições. Quando a criança não cumprir com alguma regra, de modo a desobedecer, é preciso impor uma consequência – não física – para que ele consiga entender que se ele não fez a parte dele, isso vai resultar em algo que não é bom;
- Adapte as regras e as consequências conforme a faixa etária e as necessidades da criança. Sabendo o que o pequeno gosta de fazer durante o dia, o adulto que educa terá as condições necessárias para impor alguma punição;
- Explique que as regras não são válidas só em casa. Ao explicar o porquê de determinada regra, a criança se tornará consciente de que determinado comportamento não deve ser repetido. E, caso seja necessário, reforce que o comportamento não deve ser praticado em casa, e em nenhum outro lugar.
Caso essas ideias não fluam da forma esperada – isso pode acontecer pelo fato das crianças muitas vezes não terem a maturidade necessária para entender o porquê de não poder fazer aquilo – teste algumas palavras alternativas:
- ‘’Por favor, faça…’’ em vez de ‘’Não faça isso’’, assim a criança será direcionada à outro comportamento;
- ‘’Você pode…’’: disponibilizar escolhas em limites que sejam aceitáveis, para que a criança sentir que também tem controle sobre a situação;
- ‘’Como você se sentiria se…’’: ao introduzir essa fala, o pequeno vai começar a considerar o sentimento do próximo ao fazer alguma escolha;
- ‘’Isso é perigoso, você pode fazer assim…’’: explicando os riscos, e após oferecer uma alternativa que pode substituir a ideia da criança, assim ela irá se sentir segura.
Para esses limites e regras serem estabelecidos, compreendidos, trabalhados e cumpridos, é crucial ser persistente. Cada criança é única, e por isso cada processo requer o seu devido tempo.