Trabalhar a ideia de sustentabilidade desde cedo é muito importante para que crianças e adolescentes saiam da escola com maior noção sobre a causa. Foi pensando nisso que a Escola de Educação Básica (EEB) Ana Gondin, de Laguna, no Sul de Santa Catarina, criou o projeto “Quem paga a conta? Sustentabilidade! Uso de cristais piezoeletrônicos para gerar energia limpa na alimentação das lâmpadas da ponte Anita Garibaldi”.
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Mas o que é o projeto? Lafaiete Teixeira Pereira Erkmann, professor de Biologia, explica que, em síntese, o projeto de sustentabilidade se resume na utilização de placas de cristais piezoeletrônicos dispostas no asfalto da ponte Anita Garibaldi ou em outros pontos nas pistas da BR-101.
“Ao passar sobre as placas, os carros pressionam os cristais, que sofrem uma leve deformação, aproximando as cargas iguais da molécula que, em seguida, se repelem, voltando ao estado original. Então, a energia usada na deformação (energia mecânica) se converte em energia elétrica”, explica o professor. Ele ainda completa dizendo que esta energia elétrica poderá ser utilizada para alimentar as lâmpadas da ponte.
Sustentabilidade nas aulas
Lafaiete conta que sempre busca criar algo que envolva sustentabilidade, para ensinar os alunos sobre a consciência ambiental. “Sempre procuramos trazer à tona ideias que podem realmente fazer a diferença no contexto da sustentabilidade”, explicou Lafaiete.
Foi lendo um trabalho sobre energia limpa que ele descobriu sobre o uso dessas placas piezoeletrônicas. “Uma casa noturna na Holanda usava elas no piso para gerar energia para uso próprio. Achei aquilo o máximo e fui me informar um pouco mais sobre essa tecnologia”, contou o professor.
Só que, para chegar até aqui, o trabalho teve ajuda de mais pessoas, essas sendo alunos da segunda e terceira série do Ensino Médio. Além deles, se envolveu também a professora Joceane da Silva, de Química e o professor Alex Kobashigawa, de Física, todos com um objetivo: alcançar a sustentabilidade para a ponte.
Mas nem tudo foi fácil para o projeto de sustentabilidade ir para frente. Lafaiete explica que, em 2016, eles apresentaram o projeto em uma feira, mas não chamaram muita atenção. Na época, havia uma polêmica envolvendo a iluminação da ponte Anita Garibaldi, foi ai então que eles apresentaram a proposta.
Com ajuda dos alunos e dos professores, foi ai que começaram a intensificar a pesquisa. “Os cristais com a propriedade piezoeletrônica são diversos, escolher um para uso didático exigiu pesquisa. Procuramos na internet até encontrar um que pudesse ser feito na escola, com poucos recursos e equipamentos”, conta Lafaiete.
“Da primeira vez, usamos o Bitartarato sódio-potássio, que pôde ser produzido a partir do ‘Cremor de tártaro’ ou bitartarato de potássio e bicarbonato de sódio. Nesta edição da feira, usamos o sal Bitartarato sódio-potássio industrial, purificado. Isso permitiu produzir um grande cristal”, explicou o professor de Biologia.
Apesar de parecer demorado, o professor conta que o processo foi até mais rápido do que o normal. “O processo em si foi simplificado por conta do tempo e do nível de complexidade que uma aplicação real representaria”, comenta ele.
Por fim, ele conta que o projeto de sustentabilidade foi uma experiência muito boa para eles e os alunos. “Eles (alunos) gostam de ver coisas acontecerem. Experimentos como esse faz seus olhos brilharem e traz uma nova visão sobre a aplicação do conhecimento na inovação e tecnologia”, ele ainda completa dizendo que fazer essa extração de energia de um cristal é fascinante, mas não muito abordado no Ensino Médio.
“É a segunda que trabalhamos a ideia com os alunos, nossa intenção é levar o experimento para a Feira de Ciências”, conta o professor. Um projeto de sustentabilidade que pode ajudar, e muito, a economizar a energia da ponte Anita Garibaldi.