Estudante catarinense cria pomada cicatrizante a partir das folhas da goiabeira-serrana

O protótipo, produzido a partir das folhas da goiabeira-serrana é uma alternativa sustentável aos medicamentos sintéticos

Notícias das Escolas Publicado em: Autor: Paula Gabiatti

Apresentar uma proposta de pomada cicatrizante, feita a partir dos ricos compostos ativos da goiabeira-serrana, como alternativa para a diminuição de custos com medicamentos sintéticos que são utilizados para tratar lesões cutâneas.

A estudante Eloise Antunes Lima apresentando o projeto Bio Guava na Infomatrix Brasil- Foto: EEB Ruth Lebarbechon/Divulgação/Educa SC

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Foi assim que a estudante Eloise Antunes Lima, da EEB Ruth Lebarbechon, no município de Água Doce, criou uma tintura fitoterápica e pomada cicatrizante, baseados nos compostos da goiabeira-serrana, fruto nativo do Sul do Brasil. Os resultados apresentaram um potencial promissor para o tratamento de feridas e problemas de pele.

Nosso objetivo é que eles façam esses protótipos – a pomada e a tintura – para que as pessoas usem como alternativa para o bem-estar, para a saúde e em benefício da coletividade. Isso sem falar na questão da conservação e preservação do meio ambiente, uma vez que trabalhamos com as espécies frutíferas e nativas aqui da nossa região”, explica a orientadora do projeto, Janete Aparecida Rodrigues.

O desdobramento do projeto científico Bio Guava levou a estudante a participar de várias feiras, entre elas, a IX Edição do Concurso Brasileiro de Projetos Científicos e Tecnológicos (Infomatrix Brasil), que aconteceu em Blumenau, entre os dias 19 e 22 de setembro.

“Essa oportunidade superou as minhas expectativas. Foram cinco dias muito troca de conhecimentos e, acima de tudo, foi a chance de conhecer pessoas com o mesmo propósito que o meu: mudança”, conta Eloise.

A apresentação do projeto no Infomatrix Brasil classificou a estudante para a Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec), que acontecerá entre os dias 23 e 27 de outubro, em Novo Hamburgo (RS).

“Como jovem cientista, eu diria que quando você desenvolve um projeto de caráter científico ou tecnológico, você está promovendo uma mudança na sociedade, você está inovando com algo que realmente vai agregar na vida das pessoas. E eu espero, sinceramente, que esse projeto possa trazer mudança para a sociedade onde vivemos. Agora é rumo ao Rio Grande do Sul!, conclui.

 

Conheça o projeto Bio Guava

O projeto Bio Guava surgiu dos estudos da goiabeira-serrana, planta nativa das regiões sul e sudeste do Brasil – presente essencialmente na Mata Atlântica – e quem vem ganhando destaque devido aos ricos compostos presentes na espécie: flavonoides, ácido ascórbico e compostos fenólicos.

A estudante Eloise Antunes Lima decidiu dedicar-se ao estudo aprofundado das potencialidades medicinais da goiabeira-serrana. As pesquisas iniciaram em fevereiro deste ano e desde então Eloise vem realizando pesquisas sobre as folhas da goiabeira-serrana. Com os estudos, ela identificou que espécie apresenta uma variedade de compostos bioativos, como potenciais propriedades cicatrizantes, antioxidantes e antibacterianas.

Foram desenvolvidos diversos experimentos laboratoriais, sendo feito o processo de extração do óleo da folha da goiabeira-serrana, e após, envolvendo o processo de formulação tanto da tintura fitoterápica quanto do protótipo da pomada cicatrizante, ambos derivados de técnicas sustentáveis e ingredientes naturais, além das substâncias retiradas da goiabeira-serrana.

Matéria-prima e processos de produção da pomada cicatrizante- Foto: Eloise Antunes Lima/Divulgação/Educa SC

Para obter-se a formulação da tintura vegetal com propriedades fitoterápicas, a estudante utilizou folhas secas da goiabeira-serrana, que foram trituradas e adicionadas à uma mistura solúvel de água destilada e álcool de cereais. O conteúdo permaneceu em repouso e isolado por cerca de 15 dias, longe da luz solar.

Após concluído o tempo de preparo da tintura vegetal, iniciou-se o processo de formulação da pomada, desenvolvida a partir de substâncias naturais como cera de abelha, óleo de côco, óleo de amêndoas, goma xantana e a própria tintura em si.

Já o processo de extração do óleo aconteceu por meio de destilação simples e fracionada, onde foram utilizados apenas água e as folhas da goiabeira-serrana fragmentadas.

A matéria prima desta pesquisa – folhas goiabeira-serrana – foi retirada de um pomar de uma pequena propriedade do município de Água Doce, onde fica localizada a Escola de Educação Básica Ruth Lebarbechon.

Com as pesquisas, obteve-se dois protótipos promissores formulados a partir das folhas da goiabeira-serrana: tintura vegetal e pomada cicatrizante. A expectativa é que sejam realizados testes para observar a ação dos fármacos na pele como uma proposta viável no tratamento de lesões cutâneas.

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