As guerras são conhecidas por deixarem rastros de sangue e violência por onde passam, e acabam atingindo as pessoas que por ali estão – inclusive as crianças. Essas que estão na fase mais importante da vida, que é a do desenvolvimento biopsíquico humano.
Leia mais: Estudantes de Lages criam protótipos com tecnologia assistiva para pessoas com deficiência
Com isso, a realidade de uma guerra deixa essas crianças em completo estado de vulnerabilidade, pois as suas vidas são interrompidas, as suas famílias separadas, os seus direitos de frequentarem as escolas cessados, as brincadeiras com os amigos na rua já não são mais presentes, e os seus psicológicos são completamente invadidos e abalados.
Durante a guerra, ser criança não é possível. Pois ser pequeno é incompatível com a realidade de conflitos armados entre adultos, em sua maioria homens, movidos por um velho sistema patriarcal que tem como foco a disputa de poder e dominação de territórios.
De que forma a guerra afeta a saúde mental das crianças?
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), um quinto das pessoas que vivem em zonas de conflito, vivem com algum tipo de distúrbio na saúde mental – como depressão, ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático ou esquizofrenia.
A guerra é responsável por gerar os sentimentos de medo e ansiedade nas crianças, afetando assim, a sua capacidade de aprender no futuro. Além disso, por meio da ansiedade, elas podem ter até alterações na fala. Tudo isso pode afetar o cérebro da criança, refletindo no comportamento e na saúde mental dos pequenos.
Como os adultos podem ajudar os pequenos?
O sentimento mais natural que existe entre pais e filhos é o de proteção, e no meio de uma guerra, o que os responsáveis pelas crianças querem, é protegê-las. E mesmo que os pequenos ainda não tenham a maturidade e conhecimento necessário para entender o porquê do conflito, é crucial responder às dúvidas deles.
Para aqueles que estão no meio da tragédia que uma guerra provoca, é fundamental que o diálogo ocorra, para que os pequenos consigam se expressar, dizendo o que sentem e o que pensam, pois assim, terão as suas angústias acolhidas.
Para contar as respectivas histórias, os pais podem explicar por meio de desenhos. Mas em hipótese alguma deve recorrer a imagens reais da guerra, pois essa atitude pode gerar gatilhos para futuros medos e traumas.
Para aquelas crianças que testemunham a guerra pela internet ou televisão, como nós, brasileiros, também deve ser oferecido por parte dos adultos uma explicação realista, mas sem deixar as crianças expostas ao excesso de notícias e imagens com tanta violência.
Os adultos podem, ainda, atuar como mediadores das notícias sobre a guerra, conversando com os pequenos sobre a importância do diálogo, do respeito às diferenças de povos, de pensar no outro, de compartilhar e de conviver com paz.