Deepfake: entenda como essa inteligência artificial pode ser perigosa

Técnica é usada para alternar rostos e pode manipular vídeos e áudios; aprenda maneiras de identificar os efeitos da deepfake

Formação Publicado em: Autor: Letícia Martendal

Navegando pela internet você já se deparou com um vídeo de uma personalidade da mídia falando algo que jamais imaginaria e se perguntou se aquilo era real? A resposta pode ser não, afinal, existem muitos conteúdos falsos por aí! Nos últimos anos a tecnologia deepfake, sistema que permite a adulteração em vídeos, vem crescendo e causando risadas e polêmicas na web.

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Deep fake: entenda como essa Inteligência Artificial pode ser perigosa

A técnica deepfake vem se popularizando na internet nos últimos anos – Foto: iStock/Divulgação/its Teens

Deepfake é uma ferramenta que utiliza inteligência artificial capaz de alterar o rosto de pessoas em vídeos, mudar expressões faciais e até mesmo sincronizar movimentos labiais, tudo isso de uma forma bem convincente. A técnica é usada muitas vezes para gerar memes e clipes inusitados, mas também pode ser um recurso para manipular e enganar quem não está por dentro do assunto.

Apesar de ter se popularizado nos últimos dois anos, o termo surgiu em 2017, quando um usuário do Reddit, rede social com comunidades parecidas com fóruns, chamado deepfakes, criou um algoritmo para mapear os rostos das pessoas — frame por frame — e aplicar em vídeos já existentes.

Esse tipo de mecanismo já era utilizado em outras criações do audiovisual, como no cinema, por exemplo. Entretanto, o método tinha um custo maior e dependia de profissionais com conhecimento avançado. Com a criação de aplicativos e sistemas automatizados — e algumas horas estudando o deep learning —, a ferramenta se tornou acessível para qualquer pessoa que tenha tempo e criatividade.

O processo também se tornou mais simplificado, o usuário não depende mais da edição manual e agora só precisa de um software que possa estudar o rosto e mapear a estrutura da cabeça das duas pessoas que serão utilizadas, realizando a sobreposição.

Estes programas são baseados em bibliotecas de código aberto voltados ao aprendizado da máquina. O acervo de fotos e vídeos são processados por uma rede neural que aprende todos os trejeitos da face analisada, aprendendo como ele se move e reage aos diferentes ângulos da luz.

Além da montagem com os rostos, na criação dos vídeos, são utilizados programas que criam falas com a voz de uma determinada pessoa. Com a junção das manipulações, a edição está feita, podendo ser usadas apenas para gerar diversão ou também com más intenções.

Exemplos de deepfake

Deepfake: entenda como essa Inteligência Artificial pode ser perigosa

Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, já foi vítima de um deepfake – Foto: Divulgação

Na internet circulam diverso vídeos que utilizam a técnica, desde cenas de filmes inesperadas até presidentes cantando músicas divertidas. Existe até mesmo uma conta no Tik Tok com diversos clipes realistas do ator Tom Cruise, criados pelo especialista de efeitos visuais Chris Ume.

Já parou para pensar como o filme Matrix seria diferente caso Neo escolhesse a outra pílula? O canal do Youtube Ctrl Shift Face criou um enredo para essa alternativa, mostrando o protagonista, interpretado por Keanu Reeves, tomando a pílula azul e voltando para sua vida normal. Para isso, foi utilizado também cenas do filme “Como Enlouquecer Seu Chefe”, agora com o rosto do ator de Matrix.

Porém, não existem apenas exemplos bons, já que clipes de falsos discursos políticos também viralizaram. No auge da guerra entre Rússia e Ucrânia, foi divulgado cenas do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky fazendo um falso anúncio de rendição às tropas da Rússia. Os hackers responsáveis pela criação invadiram o site de uma emissora de notícias local para postar o vídeo, que foi retirado do ar no mesmo dia.

Cuidados com o deepfake

Apesar de existirem formas de identificar quando se trata de deepfake, os vídeos são convincentes. A técnica se tornou uma das peças principais das fake news nesta última eleição, que criaram diversas cenas com os rostos dos candidatos nas mais variadas situações.

Por falta de informação ou por interesses próprios, os clipes são divulgados nas redes sociais e em correntes de Whatsapp, podendo trazer graves consequências para as vítimas que foram manipuladas na edição.

Dicas para identificar os deepfakes

Para não cair em pegadinhas e divulgar informações falsas, é preciso aprender a identificá-los. Para isso, separamos algumas dicas para reconhecer um vídeo falso. Confira!

  1. Assista mais de uma vez: se você acredita que a cena não é real, então assista várias vezes, diminua a velocidade do vídeo e tente identificar possíveis falhas, como a entonação e o tom da voz.
  2. Preste atenção nos detalhes: apesar dos clipes serem realistas, não são perfeitos. Fique de olho se os movimentos parecem artificiais, se os olhos parecem dispersos, na textura da pele e se os movimentos das falas não estão sincronizados.
  3. Desconfie e pesquise: antes de passar o vídeo para frente e compartilhá-lo com outras pessoas, desconfie se é real e procure por informações em sites de pesquisa. Tente descobrir a fonte daquele clipe, retire um trecho da fala, verifique sites de notícias e em plataformas de identificação de fake news.

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